Vivo falando que a faculdade de Jornalismo foi o lugar em que eu redescobri a minha paixão pela leitura. E uma das melhores descobertas que fiz na sala de aula foram os chamados livros-reportagem: obras não ficcionais em que uma apuração é feita detalhadamente, nos revelando realidades pesadas, assuntos intrincados ou fatos incríveis, em um texto tão minucioso que as páginas do jornal seriam muito pouco para sustentá-lo.
Ouvi muitos professores mencionarem as obras mais clássicas, de grandes nomes como Tom Wolfe ou Gay Talese, mas é super compreensível que você, leitor que nem cursa (e nem quer cursar) Jornalismo, não se empolgue pra ler essas obras em um primeiro contato com o chamado Jornalismo Literário. O fato é que as reportagens nesse estilo mudam a nossa forma de enxergar o mundo, e são bem relevantes para o amadurecimento de um leitor. Para você que já curte os clássicos do estilo ou para você que nunca leu um livro-reportagem e ficou curios@, eu separei algumas obras literárias onde a apuração jornalística pode te prender até a última página.
Spotlight: segredos revelados, pela equipe do The Boston Globe
Todos os Homens do Presidente, por Bob Woodward e Carl Bernstein
Holocausto Brasileiro, por Daniela Arbex
Vozes de Tchernóbil, por Svetlana Alexiévitch
A Sangue Frio, por Truman Capote
Truman Capote não era jornalista; pelo contrário, ficou conhecido por suas obras ficcionais marcantes, como a maravilhosa história de Holly Golightly em “Bonequinha de Luxo”. Eis que, num dia qualquer, Capote leu uma pequena nota em um jornal: uma família inteira havia sido assassinada por dois criminosos, na cidade interiorana de Holcomb, que fica no estado norte-americano do Kansas. O escritor decidiu pesquisar mais e escrever um relato não ficcional sobre a tragédia. Nascia, junto com essa obra, a ideia de escrever livros sobre acontecimentos reais, com o auxílio de recursos já conhecidos na literatura ficcional. O nosso tão conhecimento Jornalismo Literário. “A Sangue Frio” acompanha não apenas o crime, mas suas consequências para a cidade e para os dois assaltantes, Perry Smith e Dick Hikcock, que são condenados à morte cinco anos depois. Essa obra é uma das mais mencionadas nos cursos de Jornalismo, mas vale a pena lê-la mesmo se você não quiser trabalhar na área.
É claro que essas foram apenas algumas indicações, e existem muitas outras histórias incríveis entre os livros-reportagens já publicados. Não se esqueça de comentar quais outras obras jornalísticas você já leu e recomenda, porque eu vou adorar conhecer mais indicações. Em um período histórico no qual os jornalistas têm uma imagem tão negativa frente ao público – seja por abandonarem seus ideais em troca de um cargo nas grandes empresas midiáticas ou por se submeterem às matérias sensacionalistas -, é extremamente válido relembrar, também, o poder benéfico do Jornalismo para expandir o nosso conhecimento e registrar a história.
Já li um de fotografia jornalística e achei sensacional! O nome do livro é “O Instante Certo” de Dorrit Harazim.
Opa, adorei essa dica. Não tinha ouvido falar nessa obra (e nem no autor) ainda.
Obrigada Gabrielle! <3