Considerada uma das autoras mais promissoras da nova geração, Paula Corrêa apresenta aos leitores um relato poético de amor, medo e dor após a morte de sua mãe.
“Ela é entre os novos (e inéditos) que tenho lido, uma de minhas favoritas. (Ela faz) uma literatura agressiva, mas que em lugar de ferir e raspar, deixa um travo na boca. Um travo que permanece por longo tempo, até incomodar demais e a gente perguntar: o que está havendo? E então reler de novo. E reler até descobrir e perguntar: como ela faz isso?” – Ignácio de Loyola Brandão
“Toda morte de quem amamos é uma amputação. Todo luto uma regeneração. Para Paula Corrêa, porém, estas são também literalidades. A mãe levou com ela tanto – e também um pedaço do seu corpo. Neste livro, a autora se regenera pela palavra escrita. Poucas vezes alguém foi capaz de transformar o absurdo da morte em algo tão belo. E tão vivo.” – Eliane Brum
A editora LeYa lança, em março, “Tudo que mãe diz é sagrado” da jornalista e poeta Paula Corrêa. Autora do blog Calotas, criado em 2007 – logo após a morte de sua mãe –, como uma forma de aliviar a dor e o vazio da perda, sua escrita apaixonada e visceral nos textos publicados no blog renderam este livro, que é um misto de memória, poesia e desabafo.
A autora tem dois livros publicados, o primeiro, In Vitro, lançado em 2004, e o segundo As calotas não me protegem do sol, edição de autor costurada à mão e com desenhos da artista Amanda Justiniano, em 2010.
“Talvez tenha sido eu. Foi minha mãe que morreu há pouco, com um pouco de mim. Ou talvez tenha sido muito.”
A morte é uma das poucas coisas que o ser humano não entende, tampouco pode explicar, mas precisa suportar. Perder um ente querido pode ser uma ferida que jamais cicatriza, uma dor lacerante que nunca ameniza, mas perder a mãe – aquela pessoa ligada a você por laços inquebráveis, pela beleza dos gestos e pelo amor incondicional – é um vazio que nada, nem mesmo o tempo, podem preencher.
“Quem não daria um pedaço de si para salvar a vida de quem lhe carregou na barriga e lhe gerou, num sacrifício que é a gestação, os primeiros meses, a dor no peito, a perda da privacidade e a doação infinita de amor que é a maternidade?”
Dizem que uma mãe jamais deve enterrar um filho, mas um filho não pode suportar a morte da mãe. Para Paula essa dor foi um caminho longo e cruel. Sua mãe sofria de uma doença crônica, e por complicações, precisou de um transplante de fígado, – Paula era compatível, uma ligação única de mãe e filha – mas o organismo debilitado não aguentou.
“Eu não encarei o sepultamento. Olhei para o chão, derrotada. Sairia gritando, chutando o mundo, se tivesse saúde. Mas quando a perplexidade e a tristeza são muito grandes, ficamos em silêncio. Não dá para gritar. Falta espaço, vontade, coragem, voz. Não há necessidade, ninguém irá ouvir. Ou melhor, todos escutarão, menos aquela para quem você grita.”
Apesar de todo sofrimento, foi no momento mais obscuro de sua vida que Paula encontrou a poesia nas pequenas coisas do cotidiano, seja na beleza da cidade de São Paulo, fria e acolhedora ao mesmo tempo, nas conversas descontraídas com D. Maria Emídia na praça ou no convívio com Astor, seu fiel amigo e alívio para as horas de solidão. Quando a vida parece perder o sentido é quando começamos a enxergá-la com mais clareza, “Tudo que mãe diz é sagrado” é uma celebração da verdadeira arte que é viver.
Oi anna, a capa é belissima. Adorei a novidade.