Demorou, mas finalmente eu vim até aqui para falar de “Condenada” e “Maldita“. Os primeiros volumes da trilogia que promete ser a “Divina Comédia” do Chuck Palahniuk e surpreendentemente decepcionaram a maioria dos fãs do autor aqui no Brasil. Eu já cansei de ouvir pessoas que leem e gostam dos livros do Chuck me contar que abandonou esses volumes ou odiou a forma com que o autor trabalhou nesses livros. Felizmente (ou não) eu tenho uma paixão especial por esses livros do autor, mas vou contar para vocês ao decorrer dessa resenha.
Agora pega o café (e até uma bolachinhas) porque a gente vai demorar um bocado aqui nessa conversa. Afinal é Chuck e também vai envolver a “Divina Comédia” de Dante Aligheri.
É difícil saber por onde começar, mas claro que vamos antes de tudo explicar um pouco da história para você. De forma rápida eu poderia dizer assim: “Hey, imagina que o Dante Alighieri antes de escrever a ‘Divina Comédia’, o maior poema italiano, resolveu que ele queria inovar. Chamou um brother autor muito louco e sugeriu que eles escrevessem a história em conjunto. O Dante fazia o café e o Chuck escreveria, só que tinha uma condição: eles teriam que colocar o “Clube dos Cinco” (Breakfast Club) dentro da história”. Consegue imaginar? Pois é, essa seria uma boa sinopse para o que estava prestes a acontecer nessa história.
Só que o problema é que de forma séria, “Condenada” e “Maldita” narra a história de vida de Madison Spancer, uma garotinha de 13 anos de idade que supostamente morreu de overdose de maconha e foi para o inferno. Madison é filha de figurões loucos de Hollywood. É a pobre garotinha abandonada que se encontra no inferno e quer fazer de tudo pra bater um papo com Satã e resolver algumas pendências, sabe como é, já que ta no inferno, abraça o capeta.
Em um momento totalmente sessão da tarde, Madison e seus amigos a lá Clube dos Cinco resolvem várias confusões no inferno, inclusive algumas lutas épicas enquanto a pequena menininha inteligente tenta nos contar que tudo isso é muito estranho antes do Halloween acabar.
Em “Maldita” temos a continuação dessa história Maldita quando a pequena menina morta tão precocemente consegue descobrir o seu grande propósito na terra e quer fazer algo realmente incrível, totalmente audacioso e cheio de plot twist.
Brevemente e sem spoilers, é isso que eu posso contar para você. É uma história muito louca principalmente quando ela é contada através de postagens em um blog imaginário e a pequena Madison Spancer chama seus seguidores de Tweeters.
Eu juro para você: eu consigo entender completamente quem disse que não gosta. Eu aposto que para entender tudo isso, alguns parafusos você deve ter a menos na cabeça.
Os primeiros volumes dessa trilogia provavelmente são as histórias mais ousadas que o Chuck resolveu escrever. É o momento dele para usar e abusar do sobrenatural. Brincar com o divino e sambar na cara da sociedade com sua tentativa super bem sucedida de chocar e agredir praticamente todas as pessoas na terra que acreditam em alguma divindade. Ah e claro, até aquelas que também não acreditam.
Quando eu li Condenada eu senti que faltava o estilo do Chuck em vários momentos, mas ao mesmo tempo aquele livro era um (entre os que eu já li) que mais falava do autor. É praticamente o livro que ele quis se dar de presente. A trilogia que não é para os outros, é o livro que ele queria escrever, aquela história que ficou construída durante anos e gritava dentro dele.
Eu consigo imaginar o Chuck escrevendo enquanto leio os livros. Consigo visualizar tudo que ele queria criticar em uma comédia que agride e te faz ficar desconfortável. Primeiro ao saber que muitas daquelas atitudes são reais, são palpáveis e que o mundo seguiria naquela direção com uma facilidade que chega a me deixar com um medo tão absurdo que eu preciso largar a leitura, voltar alguns meses depois e tentar entender que a menina de treze anos nada mais é que mais um “narrador” ou uma “Shannon” ou “Tender Branson”. Madison é mais uma heroína das história clássicas do Chuck, é a clássica personagem perdida, marginalizada pela sociedade, jogada no lixo e totalmente errada que te faz pensar sobre a vida, sobre as situações da sociedade e te faz se sentir um grande bosta quando você nota que alguém que é muito, mais muito pior que você está fazendo algo pela vida (ou até para a humanidade) enquanto você está sentado comendo bolachinhas e lendo essa resenha.
O principal ponto de “Condenada” e “Maldita” é que ele é novo. Tanto na obra do Chuck, quanto na sua forma de agredir aquilo que todos teriam pelo menos um pouco de receio. É o livro que tem um mar de esperma e você vai ver Jesus e o Diabo em uma batalha pelas almas do universo de uma forma que jamais sonhou.
Essa obra não é e provavelmente nunca será a melhor do Palahniuk, mas são com toda a certeza a mais ousadas e que agride mais a minha, a sua e as crenças da sociedade.
Ele é um livro mais lento, tem uma mitologia mais complicada e que com certeza vai confundir a cabeça de muitos leitores por mudar praticamente a cada capitulo. Só que é um livro que vale a pena ser lido e não é simplesmente por ser do Chuck (eu detesto O Sobrevivente por exemplo), é justamente pelo fato que você termina a leitura repensando as suas crenças e talvez até pronto para acreditar mais em si mesmo.
Ele recria o caminho de Dante e propõe que você construa os seus próprios círculos, É diferente, ousado, pessoal e muitas vezes chato. Não é fácil lidar com que o autor está propondo, mas é justamente por isso que eu gosto tanto desses dois livros.
E agora, será que mesmo com a escrita diferente, a estrutura que caminha de forma lenta e todas as cenas completamente nojentas, você consegue enfrentar a leitura depois do que eu te contei?
Chuck Palahniuk (nascido em Pasco, Washington a 21 de Fevereiro 1961) é um escritor residente em Portland, Oregon. O seu trabalho mais popular é Fight Club (Clube de Combate em Portugal e Clube da Luta no Brasil), que foi posteriormente adaptado para cinema.
Baci ;*
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Ôxa, Mr. Palahniuk sambando na cara dos cristãos, é isso, Anna? Na real, na cara de todo mundo né. A história dessa trilogia dele não me chamou muito a atenção, tanto que o namorado começou a ler Condenada mas tbm não se adequou muito e eu acabei não lendo. Quem sabe um dia eu tento, mas por enquanto quero conhecer outros trabalhos dele. :)))
MANDA MAIS POST DO CHUCK PFVR. Com fritas.
Bjs <3
Na cara de todo mundo como sempre.
Pode deixar, post do Chuck, Fritas e coca cola pra Quel. S-A-Í-N-D-O!
Oi Anna. Eu realmente entendo e concordo com tudo o que você falou. Não são os melhores livros do Chuck, mas são ele. E os tapas que você leve ao longo da leitura dos dois te fazem ter que fechar o livro e respirar. Amo o Chuck e a Madison. Enfim, adorei o post. 😉
Oi Keyla! Adoro quando algum fã do Chuck encontra meus posts por aqui.
Fico muito feliz que você me compreenda e pensamos igual sobre este livro! Logo vou fazer mais duas resenhas de livros do Chuck por aqui!
Eu confesso que fui um dos que abandonou o primeiro livro ainda antes da centésima página mas retornei novamente e mantenho-me firme, ainda mais que pretendo ler o Maldita logo em sequência. O fato é que o autor escreve como eu nunca vi antes igual. As vezes o bizarro e o escracho é tanto que não consigo formar a imagem na ideia, assim como qualquer coisa lido até agora em Condenada.
Os: adorei o blog querida. Vou acompanhar!
Oi Marcelo, tudo bem?
Fico muito feliz que você tenha gostado do blog e continuado a leitura do Chuck!
Chuck escreve de uma forma transgressora. É nojento e a principal característica da obra dele é que incomoda. Mas aposto que você vai gostar e se acostumar com a ideia ;D
Estava pesquisando a respeito de quando sairia o livro final da trilogia da aventuras de Madison Spancer, encontro essa resenha e tive a surpresa de encontrar a Rachel do Pipoca Musical. \o/
Mas voltando a resenha, sinceramente não consigo entender por que os leitores brasileiros de forma geral não gostaram do livro “condenada”. Estou terminando de ler “condenada”, e já virei fã de Madison e Archer, e mais ainda de Chuck. É seu primeiro livro que estou lendo, mas acredito que segue fiel ao estilo de Chuck,(estou tomando como base o filme “clube da luta”, o qual lerei após esses dois primeiros livros de Madison) ironia, sarcasmo, heresia, humor negro e outra características que me identifico muito com ele. Acredito que o livro “condenada” não é para qualquer estômago, Madison não poupa o leitor em nenhum momento, deixa bastante claro( ou não) sua xenofobia, sarcasmo, misoginia, homofobia, racismo e outros preconceitos que destila ao longo da obra. A crítica que o autor, transvestido de Madison, faz ao consumismo desenfreado, a futilidades, religião e trabalho (em especial o telemarketing, já trampei em um, e sei bem o que é isso! kkkk), são formidáveis. Até agora, o que achei falho de Chuck em relação a obra foi não ter dado uma atenção maior ao Leonard e ao Patterson, que vão perdendo atenção a partir da metade da obra. Para quem já conhece o estilo do Chuck e tem estômago forte, aconselho a obra.
Condenada tem uma diferença de narrativa, se comparado aos outros livros dele. Os temas e a crítica é sempre muito parecido, mas a narrativa tem algumas mudanças.
Quanto aos outros personagens, calma. HEHEHEHE espera por Maldita 😉
Só uma dúvida, Anna Schermak. Os livros que aparecem na resenha são seus? Se forem, o “Snuff” que você tem é em português? Só o encontrei para vender em inglês e espanhol. =/
Oi, são sim. São todos meus 😉
O meu é em português, mas já comprei faz muito tempo. Hoje em dia acho que não tem mais edição =/
Ótima resenha, Anna! 😀
Muito obrigada <3
Ah, pra mim o livro foi o seguinte; comprei, li o começo e por algum motivo infernal parei de ler, a leitura esfria, ai você vê que um dos seus amigos muda o user do twitter pra “Maddy Rulez” e pensa “Porra, ela não é tão foda assim!” ai você volta a ler da onde parou – página 80 – e nas proximas 20 ou 30 páginas quer terminar de ler em menos de três dias.
As imagens criadas pela leitura pra mim ficam melhor como se fossem reproduções animadas de Cartoon Network após 00h05.
Sei lá, é Chuck.
A última frase resume tudo. “Sei lá, é Chuck” heheheheheh
É ele, e é até difícil entender até hoje o que ele quis com Clube da Luta, imagina com Condenada.
Fico feliz que você voltou a leitura 😀
Nossa,fui arrasada por esse livro, cada página era um conflito,não sabia se seguia a leitura por ser provocadora,ou parava e ia refletir… Entrei em um grande dilema!Mas enfim,consegui terminar,e adorei! Nunca tinha lido nada dele,mas sempre ouvi muito e assim acabei com os dedos cruzados e por fim,surpreendida.
Oi, Ana! É a primeira vez que visito sua página.
Estou no trabalho e acabei agorinha de ler o Condenada. Como não conhecia o autor, dei uma olhada em alguns comentários e vi que o pessoal que curte o trabalho dele realmente não gostou muito dessa trilogia, mas… mesmo que seja minha primeira olhada na obra do cara, achei tudo ousado, inovador. Me fez pensar em coisas que talvez nunca tivessem passado pela minha cabeça e sua resenha se encaixou direitinho com meu pensamento sobre a obra!
Parabéns, tá tudo lindo aqui!!
Fico feliz que tenha curtido a resenha e se identificado. Chuck é muito legal, mas também um pouco confuso. Não é fácil, eu sei, mas fico feliz que tenha gostado <3
O terceiro volume, tem algum prazo de quando será lançado?
Ainda não. Não foi publicado nem nos EUA ainda. Provavelmente vai demorar um pouco ainda.
Scrr, Sobrevivente é meu preferido, já eu não achei tão foda Clube da Luta =/
E sei que adorarei Condenada e Maldita quando comprar, mas onde você achou esses outros livros? Socorro, necessito x.x
Só tenho Sobrevivente, Clube da Luta, No Sufoco e Clímax. Não acho o resto =/
Hehehehehehhehe
É pq realmente não tem o resto, estamos aguardando que a Leya relance.
Ola.
FICA ESPERTO(A), VAI TER UM SPOILER AI!
Além do contato pelo filme, essa é a primeira vez que leio algo do cara. Sempre fui fã de universos fantásticos, especialmente os distópicos, e a historia, ate agora, tem atendido meu senso estético de uma maneira que nunca antes ninguém fez. O cara fez as alegorias e utilizou o componente fantástico completamente alinhavado contudo. Ha escracho, mas com coerência. Penso eu, como leitor quase casual, que isso requer um equilíbrio delicado.
Todos os símbolos, as metáforas… Putaqueoparil! Serio! To achando foda! ALERTA DE SPOILER ALERTA DE SPOILER A treta que rola no fim Maldita! Toda a critica envolvida na cena… Saca? É com vc, acima de tudo. Apesar de clichê, nada, além de visceral, define. FIM DO SPOILER FIM DO SPOILER.
É estranho pensar que esse não é o Chuck Palahniuk de sempre, pois é o que mais gostei, ate agora.
Conheci a historia através da sua participação no Anticast e, na época, fazia pós graduação e atolado em outros conteúdos, mas a falas de Madison descrevendo a condição de morta, lidas no episodio, sempre me vinham à mente como algo com que teria de me relacionar.
Resumindo, to me divertindo horrores.
Abraços
Concluí a leitura de Maldita hoje e confesso que no início, quando iniciei a leitura de Condenada, demorei a ser “fisgado” pela obra.
Mas quando me adequei ao ritmo e estilo que o Chuck impõe, embalei e gostei muito da experiência.
Quero muito ler logo o próximo e finalizar essa trilogia para ler outros títulos do leitor, pois de referência ao trabalho dele tenho apenas o filme Clube da Luta.
Muito bom o post!