Antigamente tinhamos amigos imaginários, hoje psicólogos. Antes escrevíamos, hoje raramente nos deixamos ouvir.
Existiu um dia em que tivemos coragem, hoje medo. Tomamos remédio para dormir e litros de café para nos manter acordados durante o dia.
Era uma vez quando assistíamos desenhos e conseguíamos nos emocionar, hoje o excesso de violência em nossa série preferida, não nos impressiona mais.
Antes eu não pensava nisso. Hoje tenho momentos sozinha de pura análise interna. Sento em frente ao computador segurando uma xícara de café que esfria sem eu ter digitado uma letra sequer em uma página em branco de algum arquivo que deveria conter muitas palavras.
Já estivemos muito próximos do amor verdadeiro, da amizade de infância, da família dos sonhos, do cachorro amigo e do perfeito eu lírico. Mas por algum motivo o despertador não tocou. Sabe como é a tecnologia. Quando precisamos, não funcionam.
Já estivemos melhores com as palavras, com os gestos, com os sentimentos e até com as mentirinhas. Já fomos melhores em muitas coisas, principalmente em não nos esconder. Em não abusar dos limites, em dizer a verdade, em não fazer julgamentos.
Mas a idade vai chegando, abandonando a alegria, o ânimo e a sensibilidade. Ganhamos pequenos poderes que nada dizem e achamos que podemos tudo. São tantas denominações diferentes nos jornais para dizer quem somos que na hora de olhar nos espelhos, não sabemos mais quem estamos vendo.
Excelente crônica! Adorei principalmente o ultimo parágrafo , a introdução foi muito boa também.
Às vezes paro para refletir sobre a indiferença das pessoas hoje em dia, e sobre o fato de que estamos esquecendo das coisas mais importantes. Ultimamente valores como amizade, perdão, respeito caem por terra nas redes sociais por motivos políticos, ou até por simples gosto musical. Achamos mais cool opiniões exacerbadas e pessoas com ideias diferentes causam repulsa. Mas talvez seja só eu observando o mundo sobre a lente do negativismo.
Adoro seguir seu blog e seu canal, sinto sua falta nos podcasts da vida. Apareça mais!
Tive que abrir mão do podcast (que amo e ainda apareço aqui e ali), para voltar a fazer uma das coisas que mais amo: escrever. Estava sentindo falta de escrever meus textos despretensiosamente no blog. Ontem a divulgação desse foi no automático e veja só. Dois comentários apareceram e eu fiquei tão feliz com isso. Concordo com tudo que você falou. Não sei se é negativismo, ou só estamos cansados. Mas as vezes dá uma puta vontade de parar com tudo, pois tem gente que esqueceu de algumas coisas essenciais da vida em todo lugar.
Obrigada por vir até aqui e comentar Beatriz. Isso é demais!
Olá Anna,
Muitas verdades em um texto só.
Nós, muitas vezes, queremos tanto nos adequar às pessoas e à toda transformação que está tendo hoje que nos esquecemos do que é mais importante… E isso vai trazer muitas consequências, que até já estão aí.
Abraços!
O que não deveríamos esquecer é o que perdemos de vista primeiro. Nunca vou entender algumas atitudes que temos na vida virtual, ou real. Porém amo encontrar pessoas que pensam assim, como eu <3
Obrigada por comentar por aqui Divana <3
Nossa ! Que reflexão ! Amei ! De verdade ! Disse várias verdades , o tempo vai passando e as coisas vão mudando!
Blog : http://extintadoplanetablog.blogspot.com.br/
Que lindo texto! Me emocionou a parte do “Antigamente tinhamos amigos imaginários, hoje psicólogos.”. Faço psicologia, e às vezes me pego pensando o quanto a demanda por psicólogos só mostra o quanto a nossa sociedade está doente. Vejo muita demanda, e o psicólogo agora trabalha em todas as áreas possíveis (até psicologia do esporte existe!). Amo a profissão que escolhi, mas fico triste em ver o quanto estamos sofrendo.
Acho que a gente não dá valor as vezes aos psicologos. Não sou uma, mas vou ao psicologo semanalmente, já é essencial pra mim.
Lindo! Alcançou a essência, Anna!
Ainda me emociono vendo desenho, justamente por também acreditar que isso está se perdendo conforme o tempo cobra. Ainda sinto bem no cerne que essa inocência é na verdade um presente da vida, e me agarro a ela como uma corda na tempestade. Um beijo!