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Medo: uma reação necessária!

Somos todos humanos, você querendo aceitar isso ou não. Os seres humanos andam de mãos dadas com a subjetividade, tendo dito isso, nós somos animais que diferem completamente uns dos outros, apesar de termos tantas semelhanças. O medo é uma reação que faz parte dessa diversidade, o que me da medo, pode te fazer rir, e vice-versa. Por isso é tão difícil de fazer uma lista como essa que fiz semana passada, pois cada pessoa teve uma experiência diferente em cada jogo e podem achar que a minha lista acaba insultando suas ideias ou algo do tipo. Medo é muito interessante, seu corpo sai de uma situação de folga e entra em uma de luta em questão de segundos, seu coração acelera, sua respiração fica rápida e seus músculos enrijecem te dando uma rapidez que você não achava ser possível. Mas como funciona o medo dentro do cérebro?

A amígdala (do cérebro, não a da garganta) é uma pequena estrutura que representa um pequeno conjunto de núcleos no nosso cérebro e que tem várias conexões de cunho bidirecionais (o que significa que ela recebe a informação e depois a devolve para quem enviou), portanto, no básico, é um lugar de convergência de informações. Essa região recebe informações sensoriais de dois lugares: dos córtices sensoriais e do tálamo. A via vinda do tálamo é subcortical (rápido) e é provavelmente responsável pelo alerta em caso de perigo imediato. Depois disso, se necessário, há uma “correção”, que avalia se o estímulo da via rápida realmente representa um perigo. O hipocampo (um dos responsáveis pela formação de memória explícita) também representa um papel junto ao trabalho da amígdala. Ele é responsável por situar o presente no contexto, associando a carga emocional das suas lembranças com os eventos que estão ocorrendo no momento. A amígdala está no centro das atividades que envolvem a percepção do perigo, o desencadeamento da resposta (lutar ou fugir) e, como um todo, no medo. Ter medo é uma resposta natural do seu corpo para te manter vivo, mas há quem goste de senti-lo.

 

Silent Hill 2 foi um jogo que usou muito do simbolismo para assustar o jogador. Tudo parecia ser uma ameaça em um lugar onde nada parecia ser tão ameaçador.
Silent Hill 2 foi um jogo que usou muito do simbolismo para assustar o jogador. Tudo parecia ser uma ameaça em um lugar onde nada parecia ser tão ameaçador.

Nos jogos de survival horror, os desenvolvedores usam de técnicas às vezes não percebidas pelos jogadores pra poder assusta-los. Pense que nos jogos você esta sempre em uma situação de desvantagem, tendo pouco ou nenhum recurso pra se defender, sua visão é sempre limitada a um feixe de luz de uma lanterna e geralmente o monstro sempre é mais forte que você, esteja ele sozinho ou em bando. Percebeu? São alguns exemplos de como é criada uma situação que lhe faz questionar cada passo que der, e você acaba gostando disso. No processo de resposta do corpo ao estímulo de perigo, é liberado em nosso corpo uma carga forte de adrenalina, dopamina e endorfina. Essa enxurrada de neurotransmissores nos faz responder rápido e, em certos casos, sentir prazer que se assemelha com o de uma relação sexual.

Quando estamos com medo, nosso cérebro cancela a atenção que esta dando pra qualquer coisa e ocupa-se apenas em autopreservação. Quando se esta jogando um jogo de terror, você esta frequentemente se preocupando, antecipadamente, com o que pode acontecer com seu personagem e como você irá evitar aquilo. Assim que algo acontece e você consegue sucesso, o game esta te dando um rápido momento de alívio, o que também é prazeroso. Estar com medo também pode te fazer esquecer-se de problemas da vida cotidiana, outro motivo que nos faz jogar mais.

Usar imagens perturbadoras e repulsivas dentro de um jogo também é eficaz para te fazer duvidar de tudo.
Usar imagens perturbadoras e repulsivas dentro de um jogo também é eficaz para te fazer duvidar de tudo.

Contudo, nosso cérebro não pode ficar aceitando tantas doses de neurotransmissores e, assim como um drogado, nós criamos resistência ao medo. Já se questionou alguma vez do por que de não sentir mais tanto medo como nos jogos de antigamente? Aposto que já comparou jogo de terror de hoje em dia com os clássicos dos anos 90 e início dos anos 2000, não é? Claro que vemos produtoras fazendo jogos porcarias, mas outro fator que muitos não param pra considerar é que já estão resistentes ao medo. Você ficará atento e responderá rápido ao jogar Slender, mas ele nunca te assustará como aquele cachorro que pulou da janela no Resident Evil original quando você era pequeno e jogou pela primeira vez, porém, hoje, você também não sentirá tanto medo mais daquele cachorro, pois já deve ter jogado aquele momento inúmeras vezes.

É importante destacar que o medo não quer dizer apenas pular com sustos ou entrar em desespero e desligar o videogame, se você esta se sentindo desconfortável com a situação, não consegue prestar atenção em mais nada e parece estar difícil respirar, ou até esta suando mais, você esta com medo. Os homens, principalmente, tendem a ser achar “machões” por não sentir medo, o que é um grande equivoco, porque se você não sente medo, seu corpo não esta tentando te proteger, o que pode ser algo bem desagradável. Medo é uma resposta necessária, é uma das principais ferramentas que nos mantém vivos, mas também saber superá-lo é importante, não podemos viver com isso.

Daylight é uma das novas apostas em jogos de terror aleatoriamente gerados. Cada vez que entrar pra jogar, você terá um mapa diferente com acontecimento diferentes, o que pode prolongar o fator medo.
Daylight é uma das novas apostas em jogos de terror aleatoriamente gerados. Cada vez que entrar pra jogar, você terá um mapa diferente com acontecimento diferentes, o que pode prolongar o fator medo.

Espero que todos tenham gostado desse meu especial de survival horror para o Pausa Para um Café. Esse é, sem dúvidas, o meu gênero preferido dentro do mundo dos videogames e eu amo como ele me faz sentir, os desafios que traz e como posso treinar meu autocontrole com eles. Se ainda estiver por aqui, ano que vem tem mais. Por enquanto, semana que vem voltamos à programação normal!

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