O Capitão Nascimento está em Hollywood!
Elysium foi o causador de uma senhora expectativa aqui no Brasil. Não só pelo ser uma ficção cientifica das boas e por ter uma ótima e instigante qualidade visual, mas por ser a estreia de um dos melhores atores do cinema nacional, Wagner Moura. E aliás, que estréia!
O filme, dirigido por Neill Blomkamp (Distrito 9), mostra a vida na Terra (e fora dela) no fim do século XXI. A essa altura do campeonato, a superpolução humana transformou o planeta em uma síntese do que há de pior das favelas e invasões do 3º mundo. Barracos, construções precárias e a miséria se espalham pela Terra, enquanto os abastados senhores do capitalismo, mudaram-se para um paraíso no espaço: Um satélite perfeito chamado Elysium, que orbita na Terra. Satélite este, onde tudo convive em harmonia, não há doenças, poluição ou pobreza. Neste momento, conseguimos ver a forte (porém não muito profunda) ‘mensagem’ do filme. A desigualdade social.
Depois de deixar claro isso na cara dos espectadores o filme volta para a ação necessária para que os blockbusters valham a pena. Matt Damon, interpreta um ladrão de carros em condicional, que após um acidente de trabalho se vê com poucos dias de vida. Ele inicia então uma verdadeira batalha para viajar até Elysium, e conseguir a cura que precisa. Para chegar até lá, ele busca a ajuda de Spider, uma espécie de hacker, atravessador e líder da revolução terráquea contra Elysium. É aí que vemos o brilho de Wagner Moura. Com uma atuação esplêndida, ele empresta a Spider uma personalidade única, beirando o desespero e a loucura (pode ter sido só impressão, mas em alguns momentos eu senti uma inspiração no Coringa interpretado por Heath Ledger em Batman, O Cavaleiro das Trevas).
O filme tem uma preocupação leve em mostrar a interferência política e o poder do capitalismo nos problemas da humanidade. A preocupação maior fica em criar o clima de tensão e apreensão na busca de Max (Matt Damon) para chegar até Elysium. O visual é interessante e marca registrada de Blomkamp. Vemos também um ótimo trabalho com os efeitos visuais, os drones e a ambientação. Apenas as naves ficaram um pouco fora de crédito. Destaque também para Alice Braga, brasileira já conhecida de Hollywood (Predadores, Cidade de Deus) e para a trilha sonora, que apesar de discreta, caiu como uma luva no filme.
Em suma, é um senhor filme. Vale a pena conferir nas telonas, e no Imax, se possível. O filme não tem cópias em 3D, o que é um ganho bacana para os nossos cérebros que ficariam cansados com tanta computação gráfica saltando da tela. Uma boa pedida para o fim de semana, e para prestigiar os Brasileiros que vem sendo cada vez mais reconhecidos no cinema mundial. Leva 4 xícaras de café amargo.