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O que achamos de: Os Miseráveis

Falar de Os Miseráveis sem deixar a emoção te levar não é fácil.

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Devo confessar que Musicais não é o meu gênero favorito. Longe disso. E esse foi o motivo de ter demorado algum tempo para ver este filme. E por muita sorte eu consegui vê-lo ainda nos cinemas.

Em 1862, Victor Hugo publicou sua obra prima, intitulada Os Miseráveis. O livro, sucesso de vendas, já nas primeiras 24 horas vendeu milhares de cópias. Posteriormente o mesmo viria a ser adaptado para inúmeras versões e exibições em vários países, no cinema, teatro e outros meios. Tom Hooper não quis ficar atrás e resolveu criar sua própria adaptação para o cinema. E devo dizer, ele até que acertou, e muito.

Depois do grande sucesso de “O discurso do rei”, Hooper veste-se de coragem e traz um musical com praticamente nada diálogado. 99% do filme é puramente música. O quê para os não acostumaedos com gênero, e até mesmo com os que odeiam, torna-se cansativo em certo ponto. Em mais de duas horas e meia de filme os ouvidos clamam por algumas linhas de dialogo simples.

Hooper também utiliza-se da gravação ao vivo das músicas, o que acaba tornanado o musical menos plástico e até mesmo um pouco imperfeito, diferente dos grandes músicais que acompanhamos.  E aos atores proporciona a mudança da encenação para a atuação de fato.

A fotografia do filme não fica atrás do realismo de atuação. Os cenários são muito bem construídos e iluminados de forma que a alegoria e atmosfera da Paris pré-revolução fique extremamente viva. As sequencias acompanhadas de movimentos de câmera obtusos e descentralizados contrastam com a perfeição criada para os ambientes. Vemos também um maravilhoso trabalho de cor, usado por vezes para destacar o personagem como Anne Hathaway vestindo rosa, diferentemente das outras funcionárias na cena da fábrica, que estão todas de azul. Ou o vermelho que está presente sempre com os rebeldes representando a força e a paixão da revolução. Ou ainda o azul profundo que cobre Javert (Russel Crowe) demonstrando sua instabilidade ou insatisfação em sua personalidade ligado a depressão que culmina em seu suicídio.

As atuações são competentes e comovem o espectador. Hugh Jackman, apesar de não ser um ótimo cantor e desafinar em algumas cenas, empresta com maestria seu físico e feições ao lendário Jean Valjean. Descobrimos também toda a potência e a presença da voz de Russel Crowe interpretando Javert (uma das melhores interpretações no filme), e também a bonita interpretação de Gavroche por Daniel Huttlestone.

Os Miseráveis é um filme que pode não agradar os mais críticos. Apesar de cansativo, se você se libertar de preconceitos e escolher entrar mesmo no filme (como eu fiz), a surpresa será muito agradável. A emoção vai tomar conta do espectador e a música irá tocar no fundo da alma.  A tristeza se faz presente em todo filme, e em alguns momentos temos um certo respiro com o humor proporcionado por Helena Bohan Carter e Sacha Baron Cohen.  Mas ainda assim é quase impossível conter as lágrimas ao final de tanta emoção musical e visual.

Leva merecidíssimas 4 xícaras de café quentinho e gostoso com chantily e canela. Recomendadíssimo para ir ao cinema, e para adquirir o Bluray.

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