Eu já me pedi muitas vezes para parar.
Eu organizo até a minha própria organização.
Mas só reparei o real motivo disso quando parei. Deixei a mesa do trabalho se bagunçar, ficar com mais de uma caneca, com fones, medas e chaves em locais que não eram seus lugares. O calendário era do mês anterior e as atividades não estavam marcadas com as corres de caneta que correspondessem as atividades certas.
Olhei ao redor perplexa com aquele amontoado de informação e me senti dentro da minha cabeça.
Por um segundo eu notei como deve ser tentar me entender. É muita bagunça organizada de anos de planilhas internas para identificar o que fazer a cada segundo. É muito tempo catalogando sentimentos, momentos e realidades para agir corretamente, entender o que sentir para lidar de forma “certa”. Sem surto, sem grito, sem choro.
A minha cabeça era uma bagunça de tão organizada.
Sempre cobrei excessivamente de mim, desde o 10 no colegial, ao trabalho mais eficiente no menor tempo possível. Ninguém nunca me cobrou uma virgula, mas eu sempre entregava a redação inteira e traduzida em duas línguas. E enquanto mais eu me organizava, mais me bagunçava. Em o que sentir, o que viver, o que realmente querer e quem realmente queria. Para quem realmente querer?
As vezes, ser uma pequena bagunça não faz mal nenhum se você sabe lidar com sapatos no lugar errado e sentimentos encaixotados. Mas ser bagunçado demais implica também em não saber encontrar as palavras na hora que elas devem ser usadas. E até você descobrir que elas não estão em uma das suas milhares listas com afazeres até suas próximas gerações. Demoram algumas relações, amizades, trabalhos e sentimentos. Situações que desgastam, desbotam e perdem o sabor.
Não quero dizer que tudo que vivi foi ruim e que criei uma situação insustentável entre o exterior e o interior.
Apenas criei um planner que custou caro demais, como algumas prestações de sanidade.
No final não importa se você é totalmente organizada na vida, no trabalho, no coração ou no papel. A bagunça também pouca gente vê. Importa mesmo é como você se sente quando olha pra dentro, é aconchegante ou hostil? É confortável ou te dá medo. Se você prefere não responder, chegou a hora de bagunçar ou arrumar.
Agora é sua vez de dizer.
Mas primeiro, para um pouco.
Anna, tudo bem?
Eu me cobro muito para ser mais organizada, até porque meu quarto, minhas coisas, meus afazeres são uma bagunça… Talvez pra mim falte isso, mais organização.
Não consigo ficar um dia com uma lista certa, imagine um mês? Minhas metas começam aí… Mas, preciso ter vontade, não é?
Já parei e pensei tanto que nem sei mais. É só uma parte do que é necessário.
Küsse, Divana.
Oi Divana, acho que se isso faz bem pra você. Se você não se incomoda, não tem problema em dar uma desorganizada. Pensa que isso é que constroi a pessoa que você é <3
Aninha, sua linda!
Me identifiquei muito com o seu texto, também sou extremamente perfeccionista e me cobro ao extremo, e sempre foi assim. Não consigo parar. Parar pra relaxar, pra pensar com calma, pra tranquilizar meu coração e minha mente. Sinto como se estivesse sempre correndo (pra onde, né?). As vezes chega a ser bem angustiante, quase sufocante. E acredito que escrever faça um bem danado quanto a isso, inclusive ando escrevendo pra mim mesma e tem ajudado em muitas coisas. Saudades das nossas conversas quando fui te visitar! Ainda estou te esperando aqui, viu? Beijos no coração <3