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[PausaGames com G. Norris] Liberdade Total?

Recado da Anna: Isso mesmo meus caros amigos. Agora temos uma pessoa a mais na equipe. (além da Sra. Expresso e dos dois novos colunistas). G. NORRIS. SIM! o Norris, um dos escritores de Crônicas de Senhores de Castelo.

Eu sei, eu também fiquei emocionada quando recebi o email do nosso amigo. Então a partir de hoje, vocês vão ler toda a semana uma coluna especial do autor falando sobre Games ou HQ’s. Aproveitem e claro, não deixem de comentar =) 

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Eu terminei de jogar DEUS EX: Human Evolution para o PS3 e fiquei fascinado com a história apresentada. Não vou fazer a resenha do jogo, visitem www.ign.com para isso, mas posso dizer que é um stealth action role-playing que coloca você na pele de Adam Jensen, um ex-SWAT empregado em uma das maiores empresas produtora de próteses avançadas, que aumentam muito o potencial humano. O que me chamou a atenção é que o jogo se passa em um futuro cyberpunk.

O cyberpunk é um subgênero da ficção científica, que engloba o enfoque de “Alta tecnologia e baixo nível de vida”, ou seja, mescla ciência avançada, como as tecnologias de informação e a cibernética junto com algum grau de desintegração ou mudança radical na ordem social. Neuromancer, de William Gibson, é uma referencia literária a este estilo de litetura.


No jogo, Adam Jensen preenche todos os requisitos de um protagonista cyberpunk. É um lobo solitário habilidoso, que conhece os problemas da sociedade na qual vive, mas ao mesmo tempo que parece não se encaixar nela. Tem um amor não correspondido, embora lute por ele bravamente. Sua vida muda completamente, ganhou implantes cibernéticos, mas não por sua escolha. É ludibriado pelo chefe, pelo gangster, pelo diplomata, e como Case em Neuromancer, busca a verdade como solução final. O mais interessante em Adam é que suas escolhas, as verdades que encontra pelo caminho, são reflexos de sua própria condição, humana e sobre-humana. Além disso, encontrei algumas curiosidades interessantes:
O nome Adam se refere ao Adão bíblico. Um nome propício para o primeiro ser humano que não obteve rejeição dos implantes na história do jogo. Adam se tornou o primeiro homem cibernético completo.
DEUX EX vem da expressão Deus ex machina, que é utilizada no teatro e literatura para descrever uma força externa que, de repente resolve o problema aparentemente insolúvel (s) que os personagens enfrentam de uma forma extremamente improvável ou impossível. Porém, aqui, o conceito é literal. Adam e outros personagens da trama são superiores aos humanos comuns pela relação que possuem com as máquinas, o que os eleva a um estado quase divino.
Os Illuminati são citados no jogo, porém, como sempre, permanecem não identificados.
A voz de Adam lembra o tom rouco de Snake, da série Metal Gear. Adam tem semelhanças também com Rick Deckard, de Blade Runner. É detetive, pouco se sabe sobre seu passado, luta com três “ciborgues”, dois homens e uma mulher (a luta final lembra um o embate entre Deckard e Roy Battes) e sua trama se passa em uma sociedade decadente com forte influencia japonesa.

O roteiro do jogo é primoroso e amarra bem as pontas, além de trazer mensagens de reflexão sobre os seres humanos, suas ações e reações e sobre a sociedade e suas necessidades e ambições. Uma frase no final do jogo me fez pensar bastante: Liberdade total não se distingue de caos total. Se tivermos total liberdade, sem limites, pura e simples liberdade de fazermos o que quisermos, para onde iremos? O que faríamos? Como resolveríamos um choque entre a minha liberdade e a sua? A complexidade da frase me fez pensar no que faço com minha liberdade hoje e como respeito os limites da liberdade alheia. Por incrível que pareça para algumas pessoas, um jogo de videogame traz reflexões interessantes (e até espinhosas).

Se você curte uma boa trama policial e uma história cheia de reviravoltas, jogue DEUS EX: Human Revolution. Vale a pena se envolver nisso.

@G_Norris

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