– Olá Pausianos, hoje venho apresentar uma nova “modalidade de post” que vocês vão conferir por aqui no blog! É a resenha dos pausianos, resenhas enviadas pelos leitores do blog e que vão entrar por aqui, espero que vocês gostem e acompanhem e até enviem as suas resenhas 😉
Para enviar sua resenha você deve escrever para anna@pausaparaumcafe.com.br com a resenha em anexo no arquivo .doc, importante lembrar que vamos avaliar a sua resenha, se ela combinar com nosso estilo e estiver bem legal nós publicaremos (mas vamos te avisar antes). É importante também que você envie o seu nome e uma rede social junto.
Abraços.
Câmbio Desligo.
Anna Schermak!
Resenha – O Oceano no Fim do Caminho por Guilherme Dobrychtop
Existem certos elementos que tem papel fundamental em nossas vidas. Muitas vezes determinam nosso modo de pensar, agir, e, principalmente, ver o mundo. No meu caso dois destes elementos são a literatura e a arte sequencial. Por consequência disso, muitos autores foram e são como uma sombra que constantemente me persegue. E seja na arte sequencial, seja na literatura, a sombra que nunca sai do meu pé atende pelo nome de Neil Gaiman. Considero que livros nos levam a uma jornada por mundos e histórias. Os bons nos conduzem por um turbilhão de sentimentos, e, quando coloquei minhas mãos em O Oceano no Fim do Caminho, sabia que passaria por isso. Só nunca imaginei o efeito que este turbilhão teria em mim.
“Era apenas um lago de patos, nos fundos de nossa fazenda. Nada muito grande.
Lettie Hempstock dizia que era um oceano, mas eu sabia que isso não fazia o menor sentido. Lettie falou que elas haviam atravessado o oceano até ali, vindas da velha pátria.
Sua mãe dizia que Lettie não lembrava direito, e que tinha sido muito tempo atrás, e, de qualquer maneira, a velha pátria havia afundado.
A velha sra. Hempstock, avó de Lettie, argumentava que ambas estavam erradas, e que o lugar que afundara não era a velha pátria de verdade. Ela declarava recordar-se bem da velha pátria de verdade.
Afirmava que a velha pátria de verdade havia explodido.”
Talvez você já tenha lido Sandman ou Deuses Americanos. Lugar Nenhum ou Filhos de Anansi. Caso ainda não tenha, o faça, são livros bons. Caso os tenha lido, sabe que, cada um à sua maneira, são tramas complexas e cheias de nuances. Personagens cativantes, para o bem ou mal. O Oceano no Fim do Caminho é diferente. É uma história simples, para você ler em dois dias ou talvez menos. Acredite, depois de abrir este tomo será difícil fechá-lo sem que o final seja alcançado, Neil Gaiman trabalhou bem demais para isso.
A trama dita tão simples se configura em uma jornada de um homem de meia idade a um funeral. O momento difícil e de pressão emocional o faz desviar de sua rota e ir à casa onde passou sua infância, mas esta já havia sido demolida e dado lugar a um pequeno conjunto habitacional. Sem parar o carro, continua até o fim da rua, o fim do caminho, até chegar à casa que abrigava o lago, o oceano. E sentado à frente do pequeno lago de patos recordou de um breve momento de sua infância, começando em um aniversário mal sucedido em que nenhum dos seus colegas apareceu, seguindo ao momento em que seus pais alugaram um dos quartos da casa a um minerador de opalas, um sujeito que daria início a uma série de eventos que fariam com que os próximos dias fossem tão diferentes, difíceis e importantes.
Ler este livro é como assistir Conte Comigo, aquele filme baseado em uma obra do Stephen King que, infelizmente, a Sessão da Tarde já não reprisa tanto. É como retornar à própria infância por um breve tempo e se lembrar de tudo. De como era bom e de que, independente das coisas grandes que se conquiste ao longo da vida, aquele tempo e aquelas amizades de quando tínhamos nove anos foram as coisas mais importantes que já realizamos.
O Oceano no Fim do Caminho é o primeiro romance adulto de Gaiman desde 2005, e também o mais diferente desde sempre. É um livro que vale a pena. Mas fica aqui o alerta: O protagonista senta-se à frente do assim chamado oceano e se lembra da sua infância enquanto vê o seu reflexo refletido naquelas águas. Ao ler o romance, você verá o seu reflexo neste oceano e será atingindo direto no peito por tudo o que passou. Em um livro simples, emocionante e, principalmente, lindo, Gaiman nos faz pensar em nossas vidas. E, mesmo que em um tom simples, nos faz refletir: O que você fez até aqui, tudo o que viveu e tudo o que realizou, o seu eu de 9 anos estaria orgulhoso?
Bela resenha… fiquei com muita vontade de ler esse livro, talvez olhar um pouco o meu reflexo.