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[Resenha] Na Companhia das Estrelas de Peter Heller | @Novo_Conceito

Em um mundo devastado pela doença, Hig conseguiu escapar à gripe que matou todo mundo que ele conhecia. Sua esposa e seus amigos estão mortos, e ele sobrevive no hangar de um pequeno aeroporto abandonado com seu cachorro, Jasper, e um único vizinho, que odeia a humanidade, ou o que restou dela. Mas Hig não perde as esperanças. Enquanto sobrevoa a cidade em um avião dos anos 1950, ele sonha com a vida que poderia ter vivido não fosse pela fatalidade que dizimou todos que amava. Hig é um guerreiro sonhador. E tem uma imensa vontade de gente, apesar da desilusão que se abateu sobre ele. Por isso é capaz de arriscar todo seu futuro quando, um dia, o rádio de seu avião capta uma mensagem…

O livro de hoje fala de estrelinhas, de perdas, cães lindos que são nossos companheiros, verdades e o fim de tudo. Na Companhia das Estrelas de Peter Heller, da Editora Novo Conceito é isso tudo e muito mais, principalmente mais lagriminhas…

O livro se passa durante o fim do mundo. NÃO! Espere, não é mais um livro de apocalipse zumbi. O fim do mundo aqui se deu de uma maneira muito mais verdadeira e fácil de acreditar: uma gripe transmutada (tipo essas gripes aviárias que nos atormentam todos os anos) deu cabo de 99,999999999999…999% da população mundial. E dos poucos que sobreviveram, muitas contraíram uma doença no sangue quase tão ruim quanto a gripe.

Mas um homem e seu cãozinho sobreviveram a esse inferno todo. Hig, o homem, e Jasper, o cão. Hig, ou Big Hig, nos conta como é viver em meio ao nada, dentro do seu perímetro seguro, com o lunático Bangley (outro senhor durão que sobreviveu à tudo). Enquanto Hig é poético, bondoso, e saudosista, Bangley nos parece livre de sentimentos e ressentimentos, movido apenas pela sobrevivência. Mas, sobreviver pra que quando tudo está perdido?

Eles vivem num aeroporto, e Hig se prende a, basicamente, três coisas: seu passado, Jasper e Fera, seu avião da década de 1950. Hig vai nos contando cada dia da sua vida, 9 anos após o grande surto que dizimou milhões pelo mundo todo, com um ritmo intenso, nos passando toda a importância que ele ainda dá ao Fera e a Jasper, e às pequenas coisas, como uma garrafa de Coca Cola já meio sem gás, um bom blues, trutas, poemas.

Frases curtas. Curtíssimas. Pequenas revelações. Grande profundidade. Essa é a forma da narrativa. Desesperada? Convulsiva? Me parecem mais fragmentos de pensamento de uma mente exausta pela luta diária para sobreviver. Acredite. Logo você se acostuma.

Tem algum livro que você leu, que tivesse um cachorro e que você não se apaixonasse por ele? Bem, eu não consigo, e logo na primeira citação a Jasper eu me apeguei nele tanto quanto Hig é apegado. Eu conseguia sentir exatamente o que Big Hig sentia a cada olhar do senil cachorrinho, e claro, fui às lágrimas por ele numa certa passagem.

A história é completamente imprevisível. E você consegue se transpor para aquele mundo terrível, sozinho, onde os que sobraram ficam remoendo o seu passado, como as coisas seriam se aquela pessoa ainda estivesse viva. Como a natureza vai voltando ao seu ritmo natural após a quase extinção da espécie human

É um livro lindo para você refletir. É a narrativa  poetizada de um sobrevivente. Isso e nada mais (como se isso fosse pouco). Enfim, chorei, ri, fiquei tensa e aliviada com Big Hig a cada nova página.

A edição da Novo Conceito, como sempre, é bem acabada. A capa tem brilhos como se fossem estrelinhas.

Com isso, não consigo dar menos do que 5 xícaras de chá amargo (entendedores entenderão) para Na Companhia das Estrelas, de Peter Heller.

Book trailer:

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