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[Resenha] WE3: Instinto de Sobrevivência | @Panini_Vertigo

Três animais de estimação são sequestrados pelo exército norte-americano e transformados em máquinas de matar. Entretanto, conseguem escapar de seus captores e pretendem voltar pra casa.

O exército, porém, planeja exterminá-los e parte em uma caçada brutal e inescrupulosa.

Quem aí não suporta animais? Conheço pouca gente que não goste deles. Não sei o que temos na cabeça que olhamos para um tigre e pensamos: “que coisa fofa!”. Por algum motivo queremos enxergar humanidade dentro deles. Ainda bem que existem os cães, os gatos e os coelhos. Ou será que não?

Hoje eu vou falar de animais ciborgues! Essa é uma mistura tão incomum que se existe algum outro quadrinho que trata desse assunto eu nunca ouvi falar. Não é para menos uma ideia dessa ter saído da cabeça de Grant Morrison (Homem Animal, Crise Final, Os Invisíveis). Esse cara tem uma imaginação fértil.

WE3, que pode ser traduzido como NÓS3, é um quadrinho de certo modo pesado. Não é “pior” apenas por não ser tão longo, mas possui cenas fortes de violência. Por outro lado as edições nos fazem pensar em certas atitudes humanas, quando passamos a usar outras criaturas a nosso favor. Seja para nossa proteção, para a nossa comodidade ou para encher nossos bolsos.

WE3 é um projeto militar do governo que coloca três animais em posição de armas vivas. Um cachorro chamado 1 (Bandit), um gato chamado 2 (Tinker) e um coelho chamado 3 (Pirate). Eu não sei qual é a preferência do Grant Morrison com relação a animais de estimação, mas fica bem claro, nos nomes ou na própria história, que o cachorro continua sendo o melhor amigo do homem, o gato o mais abusado e o coelho o mais… descartável. No começo já fica visível a importância dada aos desenhos. Confesso que pelo nome não consegui identificar o artista Frank Quitely, mas depois daquela pesquisa esperta descobri que ele é o responsável por All-Star Superman e The Authority. Então é um cara de respeito! O que chama a atenção em seu trabalho é o cuidado com a armadura que os animais usam e os cenários. Já os humanos ficam em segundo plano. Não tenho certeza, mas na minha opinião essa é uma tentativa de enaltecer os bichinhos, como em Tom & Jerry que vai mais além e só mostra os nossos pés.

A história toda gira em torno da desativação do tal programa militar. No início do arco nós acompanhamos um ataque a um grupo de vilões. Traficantes? Terroristas? Sei lá. Só sei que eles são prontamente mortos por essas máquinas de guerra. Ao retornarem da missão, como um dia normal, eles recebem uma visita do senador, que pretende conhecer as novidades criadas pela divisão de tecnologia e dar uma notícia não muito boa para a mamãe dos pimpolhos, a cientista responsável: os serviços dos animais ciborgues não seriam mais necessários. A grande ameaça tinha sido eliminada e ele não gostava nada a ideia de ter bichos falantes matando gente. Isso gera uma pequena confusão na cabeça de 1, 2 e 3, que escutam toda a conversa e processam aquilo de forma confusa, enquanto a Dra. planeja deixar uma última aplicação da droga que eles utilizam para sobreviver dentro da armadura disponível em cima de uma mesa e “esquece” de desligar o sistema. É aí que o bicho pega.

A fuga dos animais do centro de tecnologia faz com que uma guerra comece. Os militares procuram o trio por toda parte, inclusive enviando outros modelos de ciborgues para caçá-los. O projeto Ciborgue-Mastin entra em ação, assim como o projeto dos ratos operários. Outra pequena guerra que vem à tona é a do conflito interno na cabeça dos bichos. Bandit sente a necessidade de fazer o bem para seus donos, ou chefes, que são considerados todos os humanos. Caso algum deles morra ele não consegue parar de falar “Cão mau” por algum tempo. Já Tinker não está nem aí para os humanos. Na cabeça dele todos os chefes fedem, e ele deixa isso bem claro, não tendo motivo maior para querer ficar longe deles. Tinker é também o mais realista da turma e também o mais frio, focando-se sempre no presente e na seriedade da situação. Pirate só pensa em comer e não emite muita opinião a respeito do que está acontecendo. Na maioria das vezes faz besteira e é o primeiro a se danificar seriamente. Amantes dos coelhos, é por isso que o chamei de descartável no começo da resenha. Eu adoro coelhos, mas Morrison nem tanto. Mas, realmente, o que um coelho faz além de um cocô a cada pulo e destruir uma plantação? Certo… um bom guisado!

O conflito se desenrola da seguinte forma: Bandit quer ir para casa. Ele e todos os outros estão famintos. Fizeram seus trabalhos e agora querem a recompensa. O perigo está espreitando, pessoas os estão caçando, mas ele ainda deseja o conforto de casa, ao lado da mamãe e com uma refeição suculenta. Sua inteligência é testada a todo o momento e no fim recompensada. Afinal existem boas pessoas nesse mundo. Pessoas que não pensam em seus próprios umbigos e querem dar e receber amor. Uma linda mensagem, não é? Acho que depois de tanta matança seria o mínimo a se fazer, hehehe…

Só achei que Morrison de fato puxou muito o saco dos cães. Sempre o mais carinhoso, o mais sensato, o mais motivado, o mais inteligente.  Mas tudo bem, eu até consigo engolir isso. Uma amiga minha que não o faria por nada nesse mundo.

Agora, preciso falar melhor sobre a arte de Quitely. Na maioria das páginas onde há um ataque o cara dá um show! Páginas duplas com pequenos quadros em zoom de garras afiadas, olhos arregalados, dentes quebrados, unhas dilaceradas e pescoços perfurados. Demais! É como ser víssemos uma cena muito rápida sendo rodada em câmera lenta. O mais interessante é que você mesmo pode fazer a sua sequência, basta embaralhar o que está acontecendo e no fim tudo faz o mesmo sentido. Na primeira vez pode ser confuso, mas quando você relê a página tudo começa a fazer sentido. Excelente!

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WE3 é do selo Vertigo e foi lançada originalmente em 2004, sendo trazida pela Panini ao Brasil pela primeira vez em 2005 e relançada recentemente em uma edição de luxo com capa dura, onde reúne as três edições. A única reclamação que tenho é ao próprio Morrison e não à Panini, que deveria ter criado um roteiro maior. A leitura é tão dinâmica e simples que em 40 minutos já terminamos. Pelo menos uma boa notícia ronda a mídia, que diz estar sendo produzido um filme da HQ. Será que vai ficar bom?

Dou nota 4 ao título. Excelente roteiro, excelente arte, mas muito rápido e pouco explorado. Eu com certeza queria ter lido umas cinco edições mais grossas dessa história.

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