“Por que você não alisa? ”
“Você combina mais de cabelo liso. ”
“Cachos não são profissionais”
“Seu cabelo é ruim”
“Por que você não prende essa juba? ”
São essas e mais uma infinidade de ouras frase absurdas que toda cacheada é obrigada a escutar. Passando uma vida inteira tentando lidar com o racismo, o bulliyng, os estereótipos e a tal da “supremacia do liso”. O intrigante é que mesmo vivendo em um país tão diversificado, originalmente miscigenado, ainda não aceitamos as diferenças.
O Livro dos Cachos, lançamento da editora Paralela (um selo da Companhia das Letras), da jornalista, cabeleireira e cacheada, Sabrinah Giampá, propõe discutir esses padrões de beleza inalcançáveis impostos a nós desde muito cedo. Aqui ela reúne relatos pessoais sobre as dificuldades que enfrentou na infância e adolescência e como foi para ela o período da transição capilar, e consequentemente da própria autoestima. Há também alguns depoimentos de clientes e amigas da Garagem dos Cachos (espaço que ela criou para atuar como profissional de cabelos cacheados e mais tarde criou também o blog Cachos e Fatos).
A autora atenta sobre a importância dessa consciência da beleza do cabelo natural, do amor próprio ainda na infância. Como é importante que nós sirvamos de exemplo para gerações futuras. E que o modismo nada tem a ver com essa aceitação, pois o cabelo cacheado não é moda é identidade.
Além da história empoderadora da Sabrinah e das clientes/seguidoras/amigas da Garagem dos Cachos, o livro traz muita dica de como cuidar, manter e estilizar os cachos, a importância da composição química dos produtos que usamos, explicando o que é o Big Chop, transição capilar, fitagem, co-wash, day after, umectação, técnicas no poo e low poo e mais um monte de outras coisas. Todas as informações são baseadas em estudos e pesquisas e também na experiência da própria Sabrinah. As dicas são fáceis, praticáveis e indiscutivelmente pertinentes e fazem toda a diferença no aspecto e na saúde dos fios.
Eu fiquei surpresa sobre o quão pouco sei e faço sobre o cuidado dos meus cachos e o que eu poderia fazer para deixá-los mais bonitos e, principalmente, saudáveis.
Acho importante ressaltar que as meninas alisadas não são condenadas, é obvio como cabeleireira a Sabrinah conscientiza sobre os danos dos alisamentos, chapinhas e escovas, mas fica claro que esse é um livro sobre experiências de vida e troca de informações, até porque nada adianta se libertar de um preconceito se munindo de outro não é mesmo?
“Não importa se seu cabelo é liso, ondulado, cacheado ou crespo. Todo cabelo tem a sua beleza. E mesmo que você não tenha cabelo: toda pessoa tem sua beleza. Por isso, o alisamento não deve ser uma obrigação, uma imposição, um fardo a ser aceito. Somos lindas por sermos únicas e, principalmente, por sermos livres de qualquer padrão. ”
Como uma cacheada me identifiquei com as histórias e os depoimentos. Tive uma certa nostalgia, não necessariamente boa, de momentos da minha infância e adolescência. É doloroso como desde muito pequena somos incentivadas a nos reprimir. O bullying na escola e até mesmo dentro de casa contribuem para que cresçamos achando que somos criaturas à parte na sociedade, e que a única maneira de sermos aceitas é buscando incessantemente nos enquadrarmos em um padrão absurdo. Matando nossa essência, segregando a beleza e perdendo nossa identidade.
Passei por todas essas etapas de quem sofreu esse tipo de formação até o momento em que decidi me resgatar e digo com propriedade: a desconstrução é árdua, pois não é fácil se rebelar contra um pensamento quase que unanime. E o que me parece mais difícil é a luta interna, depois de anos machucando a autoestima fazer as pazes consigo mesma é um exercício diário, mas não é impossível. Uma das melhores coisas é olhar para o espelho e se enxergar de verdade, se reconhecer. E o melhor de tudo é AMAR O QUE ESTÁ NO REFLEXO. Hoje depois de quase dois anos com o cabelo natural, livre e com muito volume sim, não consigo me ver de outra forma que não essa. Hoje sei que MEU CABELO SOU EU e EU SOU ELE e que nós nascemos um para o outro “risos”.
Para quem é uma cacheada, ondulada, crespa, quem está em transição ou para quem quiser, eu super recomendo.
{ Esse livro foi enviado pela editora Paralela. para resenha no blog. Em compromisso com o leitor, sempre informamos toda forma de publicidade realizada pelo blog }
Baci ;*
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Que lindeza de post e que amor esse livro. Adoro seus textos publicados por aqui, Nay. Beijos e parabéns pelo empoderamento com seus cachos. Que sejamos todas livres para aceitarmos a nossa identidade sem imposições.
Chá sua linda. Muito obrigada!!!
Fico muito feliz que vc gosta, esse carinho me motiva.
E que sejamos mesmo todas livres. Somos todas lindas 🙂
Nossa! :O
Que livro mais amor <3 eu como cacheada sei bem o que é passar por todos esses processos: bullying, alisamento, transição e auto-aceitação. Até chegar no amor próprio é processo longo, mas é gratificante.
Amei a proposta do livro e essas ilustras ficaram muito fofas.
Simplesmente, incrível!
Blog Amor de Varanda
É verdade Paloma, é um processo longo, mas quando a gente começa a se aceitar e se enxergar com mais amor tudo melhora. As ilustrações são da Malena Flores (www.tdasflores.com.br) e são realmente muito fofas.
Obrigada pelo carinho :*