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[Séries] O Retorno de Doctor Who

Sabe quando você espera muito por uma coisa e quando ela chega… bom, não é tudo isso? Fiquei um pouco assim com esse retorno da nova temporada de Doctor Who.

Mas estou me precipitando. Vamos começar pelo começo.

Deep Breath, episódio que inicia essa oitava temporada, começa tão surreal quanto já era de se esperar: um dinossauro (mais precisamente um tiranossauro rex) está no Rio Tâmisa, assustando os moradores da Londres vitoriana, e Madame Vastra, Jenny e Strax são chamados. Eles tentam se aproximar quando o bicho cospe alguma coisa. Uma cabine telefônica azul.

Começa então uma longa maratona para cuidar de um Doctor que não quer receber cuidados. Ainda desorientado pela regeneração, ele insiste em ajudar o dinossauro mesmo que todos os seus amigos (cujos nomes ele confunde o tempo todo) digam que ele precisa descansar. Antes, contudo, que ele ou qualquer um possam ajudar o pobre réptil, o bicho entra em combustão instantânea – um estranho fenômeno que vem se repetindo em escalas alarmantes na cidade, e que o Doctor, é claro, decide investigar.

Apesar de eu não ter gostado muito do episódio em si, ele foi tão cheio de referências que é impossível não se deixar tocar, mesmo que só um pouquinho. Com tiradas que fazem menção desde o cachecol do 4º Doctor, até o clássico e adorável episódio da segunda temporada, The girl in the fireplace e, é claro, passando pela inevitável semelhança do novo rosto do Doctor com um certo personagem de Fires of Pompei (season 4), os mais de 60 minutos do episódio são um lembrete constante do que forma o Doctor – constante até demais, se vocês querem saber. Num dado momento, eu estava um pouquinho cansada de certas autoafirmações que o roteiro parecia querer esfregar o tempo todo na minha cara: que o Doctor é velho, mas que idade não é tudo, que ele de certa forma se lembra de tudo que aconteceu nas suas regenerações passadas, que ele e Clara não são um par romântico. Também não ajudou muito a insistência cega da Clara (personagem de que eu já não gosto) em ficar negando a nova faceta do Doctor, e todas as lições de moral meio zzzzzz que surgiram daí. Sabe quando parece que estão tentando te forçar a acreditar numa coisa que, na verdade, você já aprendeu há muito tempo? Pois é. Hora de superar, galera! Moving on!

Assim vamos parar no segundo episódio, Into the Dalek. Assisti um em seguida do outro, e já estava com a expectativa bem mais baixa pra esse do que pro primeiro; talvez por isso ele tenha me surpreendido e me agradado tanto. Nele, Doctor salva uma soldado de uma nave em perigo, e, ao retorná-la para o seu batalhão em uma nave-hospital, é “convidado” (mais pra intimado) a ajudar na recuperação de um paciente… um Dalek defeituoso. Ele, Clara e alguns soldados são então literalmente encolhidos para adentrarem o “corpo” do Dalek, investigando assim qualquer que seja a anomalia que agora o faz odiar sua própria raça.

Nesse episódio, não só vimos o 12º Doctor passando por seu primeiro embate moral da temporada – salvar ou não uma criatura que é, por definição, seu inimigo mortal? – como revisitamos nossos vilões preferidos e tivemos a oportunidade de vislumbrar um possível futuro companion da série. Into the Dalek foi mais um dos episódios que me lembrou porque eu gosto de assistir Doctor Who em primeiro lugar – pelas piadinhas, pelas referências, mas principalmente pela inteligência simples com que as coisas muitas vezes são resolvidas. A megalomania é o que, pessoalmente falando, estraga a série, e esse episódio, apesar da proposta ousada, teve um desfecho e um desenvolvimento muito cabíveis e simples. Já dizia Sherlock Holmes que a resposta mais óbvia é muitas vezes a correta, então…

Não consegui formular uma opinião muito fechada a respeito do Doctor de Peter Capaldi nesses dois episódios. Acho que de certa forma eu talvez esperasse mais da sua introdução como Doctor nesse começo de temporada – diferentemente do que aconteceu com Matt Smith, cuja personalidade ágil, alegre e até um pouco infantil foi transmitida e assimilada logo nos primeiros instantes de sua participação como Doctor, o de Peter Capaldi permanece uma incógnita pra mim. Talvez tenha algo a ver com o fato de que ele mesmo ainda está se montando, e seu tom mais sóbrio não nos permita ver tão longe nem tão fundo quanto com seu predecessor. Estou ansiosa pra ver o que ele pode nos trazer de novo com o personagem, e espero que essa temporada não me decepcione como a anterior. Se Moffat seguir pela estrada que percorreu entre esses dois episódios, acho que tem tudo pra se tornar um ano inesquecível na série.

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