Imagine que você é um adolescente, cheio de medos, inseguranças, dúvidas, e uma vida inteira pela frente. Imagine que, além de ter que lidar com a combustão emocional da puberdade, e de todos os pensamentos bagunçados que vem com ela, você ainda descubra que tem uma doença grave. Agora imagine que essa doença te leve a viver a sua adolescência em um hospital, 24h por dia, 7 dias por semana, sem previsão de alta.
É assim que vivem os personagens de Red Band Society, meu novo amorzinho que estreou nessa fall season. Logo no piloto, conhecemos Charlie, o menino em coma, que também faz as vezes de narrador; Leo, o sobrevivente de câncer que teve uma perna amputada, e por isso perdeu tudo que sonhava e amava na vida; Dash, que tem câncer no pulmão, mas nem por isso deixa de fumar uma maconha de vez em quando; Emma, a garota anoréxica, mantida no hospital para um tratamento intensivo; o Doutor MacAndrew, oncologista; e a enfermeira Jackson, uma mulher sem papas na língua e um mau humor ferrenho que esconde seu coração de ouro.
Chegam, então, dois novos pacientes à ala pediátrica: a primeira é Kara, uma líder de torcida de língua afiada e viciada em drogas, que agora enfrenta um problema cardíaco que só pode ser resolvido com um transplante. E então Jordi, que se interna sozinho, diagnosticado com câncer, mas fugindo de uma família supersticiosa que insiste que seu problema é espiritual, e não de saúde. A presença dos dois novos pacientes desestabiliza e reorganiza toda a ordem instalada, já que Kara acaba dividindo quarto com Charlie, e o Doutor MacAndrew precisa convencer Leo a aceitar Jordi como seu companheiro de quarto, já que os dois tem o mesmo tipo de doença.
Através dos episódios, vamos conhecendo mais a fundo as camadas que formam esses personagens: suas famílias, seus passados, suas esperanças e temores. Como era de se esperar, não apenas florescem amizades como inimizades – aquela linha tênue entre amar e odiar que está presente na maior parte dos relacionamentos entre adolescentes não é excessão em Red Band Society. O forte da série, inclusive, está nisso: por mais que, a princípio, alguns personagens se detestem, por mais conturbado que seja alguma relação, ela não impede que eles se misturem, se ajudem, briguem um pelo outro. No fim do dia, eles são tudo que tem na tentativa de manter alguma normalidade sob circunstâncias anormais.
Uma das coisas que eu mais gosto de Red Band Society, e provavelmente a que mais me motivou a continuar assistindo a série, é o tratamento que se dá às doenças e aos pacientes. Se, por um lado, tudo é retratado com bastante leveza, por outro isso não diminui o impacto das condições de saúde de cada personagem em suas vidas durante os episódios. É bastante parecido com o que senti lendo A Culpa é das Estrelas, livro do John Green – você sabe que os personagens estão doentes, a doença faz parte da rotina deles, mas eles não são a doença. A série não é sobre meninos doentes. É sobre sobrevivência, sobre vida, sobre pessoas ajudando pessoas a encontrarem motivos pra viver. E a realidade e o peso que esse tipo de retratação tem é muito maior e mais esmagador do que se fosse feito de qualquer outra forma.
Red Band Society é o tipo de série sem contra-indicação. Se você ouviu falar e está afim, vai fundo. Se está chegando agora, se jogue. Vai por mim, que vale a pena!