Existem duas coisas neste mundo que passam rápido demais: as horas gastas com pessoas que a gente gosta, e as temporadas de Sherlock.
Por mais que a gente acredite que o tamanho dos episódios (1h30) compensa a quantidade deles por temporada (mínimos 3), isso é apenas uma mentira deslavada que dizemos pra nós mesmos de vez em quando. A temporada de Sherlock começou há exatamente duas semanas, e agora já chegou ao fim. Se isso não é injustiça, eu não sei o que mais pode ser.
Dito isso, vamos ao que interessa. Vocês podem dar uma olhadinha na review dos primeiros dois episódios da temporada clicando aqui, pra relembrarem os acontecimentos que precederam esta season finale. E agora, o momento que todos estavam esperando, e ao mesmo tempo torcendo pra não chegar. É hora de falar de His Last Vow.
O episódio começa com uma espécie de julgamento de Charles Augustus Magnussen – um cara que já vimos, mas ainda não temos certeza se sabemos ou não quem ele é. Numa cena tensíssima – e, sério, bastante nojenta – ele chantageia uma das juradas por saber muito mais do que deveria sobre o passado de seu marido. Ali fica claro que Magnussen é um controlador de mão cheia – e ele tem cartas pra jogar com absolutamente todas as pessoas que conhece.
Longe dali, um mês após o casamento de John e Mary,eles estão juntos, felizes, a gravidez vai bem… mas John não vê Sherlock desde o dia da cerimônia. Quando uma vizinha pede pra que ele vá até a “cracolândia” local trazer seu filho drogado de volta, John não esperava que lá fosse encontrar ninguém menos que seu melhor amigo e padrinho de casamento, Sherlock Holmes. Sujo, drogado, e afirmando estar trabalhando em um caso.
Mas esse é apenas o início de uma série de coisas que parecem não fazer sentido. Ao chegar em casa, Sherlock se depara com Mycroft e um punhado de pessoas da Empty Hearse (lembram daquela seita que conspirava sobre o retorno do Sherlock? Então!) numa espécie de intervenção pra encontrar drogas escondidas no seu apartamento na Baker Street. A notícia de que ele está viciado em drogas se espalhou e precisa ser contida – e pra isso, até Molly foi chamada. Mas isso nem é o pior. A parte louca mesmo – pra gente, que está assistindo, e pro pobrezinho do John, que presencia tudo ao vivo – é quando todo mundo vai embora, e a porta do quarto de Sherlock se abre, revelando… uma mulher. Janine, a madrinha de casamento de Mary, sai de lá, usando nada mais que a camisa usada de Sherlock, e depois da conversa mais estranha do mundo com John, entra no banho com Sherlock. Quando John o questiona, mais tarde, ele responde, no maior tom de “não tem nada de mais acontecendo” que eles estão namorando.
Pausa pro fandom gritar. Você pode admirar a reação minha e das minhas amigas a esse momento clicando aqui.
Passado esse momento, descobrimos mais algumas coisinhas sobre Magnussen; ele não é apenas um cara terrivelmente asqueroso, mas também um homem muito importante e muito, muito perigoso. Dono de boa parte dos veículos de imprensa do país, ele sabe tudo sobre todo mundo, e tem meios pra tornar a vida de muita gente um inferno – motivo pelo qual ele acaba comprando muitas pessoas com os seus segredos. Lendas dizem que há um cofre em sua casa onde todas as provas que ele tem contra todas as pessoas que ele chantageia, e é lá que Sherlock quer chegar.
É aí que todo o rolo de Janine fica explicado. Ela é, na verdade, secretária de Magnussen, e, portanto, o mais rápido meio de Sherlock acessar o escritório dele. Depois de usar uma estratégia um tanto exagerada (e que me fez ficar em choque por vários segundos), ele e John acessam a sala de Magnussen – mas lá, descobrem uma Janine desacordada, que é prontamente atendida por John. Quando Sherlock avança para dentro do escritório pra investigar, descobre Magnussen sob a mira de uma arma, que, para sua surpresa, está sendo segurada por ninguém menos que Mary Watson. Antes que ele – ou qualquer um de nós – tenha tempo pra processar a ideia, ela faz o inimaginável e atira na barriga de Sherlock.
Começa então uma longa caminhada pelos lugares mais obscuros da mente de Sherlock Holmes, enquanto ele luta pela sobrevivência. Na sequência de cenas mais assustadoramente emocionante que eu já vivenciei como espectadora e fã da série, temos acesso a lembranças da infância de Sherlock, aos seus medos, seus anseios e, principalmente, ao modus operantis da sua mente. Se eu já tinha ficado bastante impressionada com o acesso ao seu palácio mental no The Sign of Three, em His Last Vow fui mais fundo do que jamais imaginei que iria. A mente de Sherlock é positivamente a protagonista nesse episódio, e fornece pra gente uma visão e uma compreensão do personagem como nunca antes pudemos ter.
Daí em diante, é uma corrida para derrubar Magnussen e, ao mesmo tempo, salvar Mary e John. Não vou entrar em todos os detalhes aqui porque acho que seria exaustivo e longo demais – e, afinal de contas, já revelei mais sobre o episódio do que deveria, né? Mas estou confiando que todo mundo que está lendo já assistiu. De qualquer maneira, acontece TANTA coisa num único episódio que eu tive a impressão que ele durou muito mais do que apenas 1 hora e meia. Foi como um flash diante dos meus olhos, e como passar uma vida inteira sentada diante da TV. Eterno e instantâneo. É tanta informação pra amarrar que dá até uma falta de ar de vez em quando.
A cereja no bolo fica com a prometida cena pós-créditos, que, com certeza, era algo que a maioria dos fãs não estava esperando: o anúncio de um possível retorno de Moriarty. Ele não aparece vivo, contudo – é apenas uma gravação que invade todas as televisões do país ao mesmo tempo, em que sua imagem estática pergunta: você sentiu minha falta?
Apesar de ter adorado todo o episódio, fiquei em dúvida se gostei ou não desse fechamento. Achei uma saída meio simples demais; Sherlock não tem mais um grande inimigo a temer, então por que não trazer o maior deles de volta? Me irrita um pouco a possibilidade de Moriarty não ter morrido, não apenas porque isso invalida basicamente todo o final da segunda temporada – será que alguma coisa do que a gente viu naquela droga de telhado aconteceu de fato? – mas principalmente porque tenho medo de que, assim como a morte de Sherlock, a de Moriarty permaneça sem explicação. E isso é algo que, pessoalmente, não vou conseguir aceitar. Ele é um ótimo personagem, mas dependendo do custo, talvez não valha a pena tê-lo de volta.
Agora é sentar e esperar, com muuuita paciência, que a série retorne de mais um hiatus. A quarta e quinta temporadas já foram confirmadas, mas não tem previsão pra acontecer. Com sorte, a espera não será tão longa dessa vez.
Caramba, o que dizer sobre esse episódio?! Quando eu estou assistindo Sherlock, cada episódio pra mim tem um peso de 3 ou mais episódios de uma série comum. Esse episódio em especial foi bem difícil de acompanhar, com muita coisa acontecendo ao mesmo tempo e isso pra mim é o charme da série.
Ótimo Review xD