Porque viver não tem nada a ver com isso que as pessoas fazem todos os dias, viver é precisamente o oposto, é aquilo que não fazemos todos os dias.
Ando me surpreendendo a cada dia com os escritores portugueses. É aquelas boas surpresas que você não imaginam, mas fazem total diferença. Depois da minha paixão pela “Desumanização” de Valter Hugo Mãe, “Flores” de Afonso Cruz, ganhou um pedaço do meu coração com sua delicadeza e reflexões.
O livro com uma das capas mais bonitas que já vi, vai acompanhando a perda e a volta das memórias, principalmente a busca por essas lembranças. Com um protagonista que não atrai nossa empatia logo de cara, a história é construída nos mostrando o melhor e o pior dos indivíduos com uma narrativa gostosa e interessante.
As tuas memórias mais importantes, mais formadoras, não são tuas, são dela. E quando a tua mãe morrer, levará consigo a tua infância, perderás os primeiros anos da tua vida. Por isso, trata-a bem.
Por ter capítulos curtos, a história vai passando em nossa frente sem percebermos quando tudo já chegou ao fim, “Flores” é uma leitura gostosa, rápida e cheia de reflexões.
A Editora Companhia das Letras manteve o Português de Portugal no livro, mas com o novo acordo ortográfico. Não senti nenhuma dificuldade na leitura, e confesso que o livro ganha um charme a mais com essa originalidade.
A única coisa que interessa saber é que vivemos numa tapeçaria e que, por mais longe que estejamos uns dos outros, somos a mesma história, fazemos parte do mesmo tapete, a morte de uns é o nascimento de outros, a face da nossa vitória é a derrocada de alguém.
Como já disse, este é um livro de reflexões, e sem rodeios vamos analisando nossa vida conforme passamos as páginas do romance. Sem saber onde vamos chegar, fazemos aquela análise digna de uma sessão de terapia sobre vários momentos importantes da nossa vida. Afonso nos abraça e nos mostra como muitas coisas da vida são simples, basta olhar para nossas memórias. “Flores” é com certeza uma ótima leitura, com tamanha sinceridade e delicadeza, que não vemos muito por aqui.
ISBN-13: 9788535927252 | ISBN-10: 8535927255 | Ano: 2016 | Páginas: 272 | Editora: Companhia das Letras
Afonso Cruz é ilustrador, realizador de filmes de animação e compõe para a banda de blues/roots The Soaked Lamb (onde canta, toca guitarra, harmónica e banjo). Nasceu em 1971, na Figueira da Foz, e haveria, anos mais tarde, de viajar por mais de sessenta países. Vive com a sua família num monte alentejano onde, além de manter uma horta e um pequeno olival, fabrica a cerveja que bebe. Em 2008, publicou o seu primeiro romance,A Carne de Deus – Aventuras de Conrado Fortes e Lola Benites e, em 2009, Enciclopédia da Estória Universal, galardoado com o Grande Prémio do Conto Camilo Castelo Branco – APE/Câmara Municipal de Famalicão. Escreveu, ainda, Os Livros Que Devoraram o Meu Pai (Prémio Literário Maria Rosa Colaço 2009), A Contradição Humana (Prémio Autores 2011 SPA/RTP; seleção White Ravens 2011; Menção Especial do Prémio Nacional de Ilustração 2011) e A Boneca de Kokoschka.
{ Esse livro foi enviado pela editora Companhia das Letras para resenha no blog. Em compromisso com o leitor, sempre informamos toda forma de publicidade realizada pelo blog }
Baci ;*
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Não sou boa leitora, não consigo ter muito tempo para reservar com leitura, mas confesso que sua resenha me deixou muito interessada. Ah, também sou daquelas que acaba comprando livro pela capa e esse com certeza chamaria minha atenção.
Oi Anna!
Adorei o post!
Escolhemos este livro para nosso Clube da Leitura, neste próximo sábado. Depois te conto como foi
Bjs