É sensato que, antes de qualquer incidência entre o leitor e o filósofo, se estabeleça um sentido ao conceito do que é filosofia (philo + sophia) que por definição é o amor/desejo a sabedoria. O termo philos empregado na composição etimológica, para determinar qual o tipo de amor é, refere-se à ideia de desejo e só se deseja aquilo que ainda não se tem. Logo, a sabedoria não é uma propriedade do filósofo – antes um objeto aspirado. Sendo desse modo, a filosofia, uma ciência que se propõe pensar sobre problemas fundamentais relacionados à existência, ao conhecimento, à verdade, ao próprio pensamento e a si mesma. É ela, por exemplo, quem permite o indivíduo questionar sobre seu trabalho, sua função social, e sobre todas as coisas alcançáveis pelo saber.
O contato com o pensamento filosófico procede do espanto e da admiração, do grego thaûma. Uma criança que vê o mundo, sem compreendê-lo, fica admirada com todas as coisas. Não existe uma cristalização em seu conceito de mundo e ela desconhece todo e qualquer objeto. Ao observar uma cadeira, por exemplo, ela não a interpretará a partir das premissas que nós adultos já estabelecemos: “serve para sentar”, “tem uma base para apoiar as costas”, “usa-se enquanto fica frente ao computador, ou à mesa de jantar”. Essa primeira relação da criança com o objeto tem como possível conseqüência o embrião da reflexão filosófica em sua totalidade. Surge, com o espanto e a admiração, a única pergunta possível: “o que é a cadeira?”. A esse fenômeno de estranhamento, os gregos associaram o princípio (arkhé) da filosofia. Em suma, todo homem que deseja conhecer, precisa espantar-se.
O que eu acho legal na filosofia, é o sentido de curiosidade e de buscar uma explicação para as coisas, em despertar o desejo do esclarecimento (um assunto que foi tratado no primeiro post).
Normalmente adotamos certas crenças como o próprio esclarecimento, quando na verdade o esclarecimento depende da busca e do questionamento. Daí ser muito interessante a todo aquele que deseja se aprofundar na filosofia ler os textos de Platão sobre Sócrates, por serem textos de fácil compreensão e que demonstram a essência da filosofia: a pergunta.
Em certos pontos ele praticamente chega a deixar numa situação ridícula as pessoas que pensam que sabem, mas quando perguntadas, respondem coisas inconsistentes e deixam revelar sua ignorância. Daí a lição de Sócrates ser muito instrutiva: “só sei que nada sei”. Não sabendo, procuramos saber.
Esse procurar saber que torna a filosofia muito importante, pois sem esse questionamento, não teríamos ciência, e sem ciência não estaríamos por exemplo aqui na internet, discutindo todos esses assuntos…
Momento em que me sinto ‘intelectual’ é lendo essa coluna.
Nossa adorei a coluna! Parabéns!