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Crítica especializada e o público

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Esse não é um tema exclusivo da indústria dos vídeo games. Recentemente, talvez pelo menos na última década, é possível observar nas mais variadas mídias uma crescente insatisfação com a chamada “crítica especializada”, sejam de jogos, filmes, livros, séries, etc. O “Efeito Metacritic” é um bom exemplo para podermos refletir sobre o tema, onde há grandes discordâncias nas notas entre público e crítica, além de formas de explorar o sistema, como bombardear um produto de notas negativas só porque não gostou de um mínimo detalhe. Vamos pensar um pouco sobre isso!

Diferenças entre crítica especializada e público geral não são novas. Não é porque um crítico diz que o filme é bom que todo público geral irá gostar e não é porque o público geral gostou muito de um filme que a crítica necessariamente achará pontos positivos nele. Como disse anteriormente, o que vem crescendo é uma insatisfação do público com seus críticos. Te convido a fazer um exercício, assim que acabar de ler este artigo, vá na caixa de comentários de sites como Omelete (ou seu irmão mais novo, o The Enemy) ou a IGN (seja Brasil ou, melhor ainda, o americano) e tente NÃO encontrar um comentário maldoso, desmerecendo a opinião do crítico. I double dare you!

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Há argumentos par serem feitos dos dois lados. Os críticos, em algumas instâncias, realmente não sabem do que estão falando ou fazendo. Sejam escândalos com a IGN americana inventando notícias sobre ex-funcionários da Naughty Dog ou o já famoso caso do crítico que não conseguia passar do tutorial de Cuphead. Eu poderia dizer que é o desmerecimento da profissão de jornalismo que aconteceu há alguns anos no Brasil, onde não era mais necessário o diploma deste curso superior para fazer parte de um editorial, que objetivamente deixa a crítica mais empobrecida. Mas você pode pensar “mas Jhonatan, tem várias pessoas que trabalham em editoriais que são formados em Letras, por exemplo, e fazem um trabalho tão bom quanto de um jornalista” e eu respondo que você tem razão, por isso eu disse que “poderia”, mas não vou simplificar a este ponto, até porque, isso não é um problema apenas no Brasil.

O senso crítico não é necessariamente atrelado ao curso de jornalismo, nem a qualquer outro, mas é esperado que seja aguçado dentro das universidades. Saber olhar para aquilo que você gosta e critica-lo é essencial para quem se dispõe a ser crítico, além de conhecer minuciosamente aquilo que está criticando. Você não precisa ser um desenvolvedor de jogos, diretor de filmes ou escritor para criticar as respectivas obras, mas espera-se de você, como crítico, que pelo menos tenha uma noção básica de como as engrenagens funcionam para que possa criticar de forma construtiva e consciente.

Talvez é aqui onde eu possa inserir a outra parte: o público geral. Já conversamos anteriormente sobre o efeito “não gosta, só não fazer” aqui no Pausa, então vou retomar esse raciocínio. Com o acesso cada vez maior e mais rápido à informação, o público geral se tornou mais reativo com conteúdo na internet. Se você gostou da nota do crítico, tecerá elogios a ele antes mesmo de ler a crítica ou pelo menos discordará respeitosamente de alguns pontos do texto. Agora, se você não gostou da nota, nem ao menos se dará ao trabalho de ler a crítica e já fechará o site (na melhor das hipóteses) ou vai acabar ofendendo o crítico ou o site como todo. É nesse momento que entra o “se não gostou, não faça”, onde a pessoa (ou até o crítico) não suporta o diferente e espera apenas que o outro não se envolva. O consumidor geral pode sentir como se aquela crítica atingesse a ele, pessoalmente, pois ele idealiza e incorpora para si aquele produto e tem o instinto de defende-lo como defenderia seu próprio corpo de algum perigo.

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Perceba que não há uma forma fácil de abordar o tema, pois essa é a essência da crítica. A subjetividade humana impera, por mais que tente buscar a objetividade. A opinião de um crítico será sempre baseada em suas experiências, aquilo que sabe, suas habilidades e expectativas. Obviamente a opinião deste profissional não deve ser definitiva, deve apenas te auxiliar na formação da sua própria. Claramente, a credibilidade vale para a formação de um bom crítico, mas nem sempre acontece. Já o público geral tem essa subjetividade ainda mais aflorada porque, algumas vezes, ele não está preocupado e/ou preparado em apreciar criticamente aquele texto ou vídeo análise, entendendo seu propósito de auxiliar, não de ofender. 

Para finalizar, a ideia principal é: precisamos desenvolver nosso senso crítico, seja para fazer a crítica ou para recebe-la. É certo que vivemos em tempos imediatistas, onde as pessoas estão perdendo a paciência para tomar o tempo de refletir sobre aquilo que consome. Não é sobre nadar contra a maré, mas sim sobre manter saúde mental. Nós, como sociedade, nos comportando dessa forma descuidada, estamos fadados a ser a geração da ansiedade crônica e isso não será bom para nosso futuro.

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