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[Entrevista] Rô Mierling, a nova autora nacional da Darkside Books

Abri meu email feliz, Darkside estava me convidando para conhecer mais sobre sua nova aposta nacional, uma autora que tem toda a cara da editora: suas palavras habitam o mundo do horror.

Rô Mierling, autora de livros como “Íntimo e Pessoal”, é gaúcha, mas atualmente mora na Argentina. Além de escritora também é revisora literária, assessora editorial e pesquisadora acadêmica há mais de dez anos. Em 2014 a autora foi eleita como uma das cronistas premiadas pela Câmara Brasileira de Jovens Autores com o conto Desencontros.

Aproveite nossa entrevista para conhecer um pouco mais sobre a autora e aguardar ansiosamente o lançamento da Darkside Books. O livro está previsto para lançamento ainda em 2016!

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[PAUSA PARA UM CAFÉ] Em uma breve pesquisa,  descobri que você organizou muitas antologias (eu organizei uma ano passado e não foi fácil), poderia nos contar o que você aprendeu com essa experiência? O que é mais interessante em trabalhar com outros autores? 

Rô Mierling: Trabalhar com antologias é complexo porque lidamos com gente, todo tipo de pessoa e nem sempre pensamos igual As letras e os livros não são complexos, as pessoas sim, a começar de mim (rs). Então isso faz do trabalho de um antologista de livros coletivos, uma tarefa árdua. Outro ponto complexo/interessante é ver novos autores desabrochando, começando, se aperfeiçoando, aprendendo a cada novo texto selecionado e publicado, porque eu atuo no cenário das antologias de novos autores. Mas a alegria que temos em trabalhar abrindo caminhos para novos talentos com publicações em um mercado tão estreito que é o da literatura, mesmo que seja em livro sem grande distribuição, é IMPAR. Cada contista é um amigo agregado, cada novo livro que organizo é uma nova conquista.

[PPUC] Além de organizadora de antologias que homenageiam Agatha Christie e beiram o terror, você também é escritora, você será lançada ainda esse ano pela caveirinha, poderia nos contar como surgiu essa vontade de escrever sobre o lado negro da literatura? 

Rô Mierling: Minha vida é dark, meu caminho é dark, minha literatura tinha que ser dark. Não vivo fantasias no meu dia a dia, vivo a tarefa sinistra de acordar a cada dia para lutar pelo pão, se eu não acordar para trabalhar, eu morro de fome, naõ tenho ninguém por mim. Eu luto para não ficar doente, para não ser assassinada, não ser vítima de violências, não ficar louca e ainda assim chegar a noite de mais um dia. Isso não é fácil, é dark, por isso quando comecei a escrever imediatamente me veio o instinto de escrever sobre o que vejo e vivo. Tem amor no mundo com sol, flores e corações? Deve ter, mas eu vejo sombras, o tempo todo (rsrs).

[PPUC] Terror não é socialmente incentivado como um gênero escrito por mulheres, infelizmente. Como é para você se sentir em casa escrevendo sobre esse gênero literário? As pessoas já te fizeram a trágica pergunta: “Quando você vai escrever sobre coisas fofas”? 

Rô Mierling: Perguntam isso quase que todo dia. E eu digo que fofo é bolo quando sai do forno, eu não sou fofa nem escrevo coisas fofas. E o erótico Rô? Que tal um drama ou romance? – perguntam.
Sinto-me em casa escrevendo terror e suspense psicológico. Não sou sexo frágil, não sou assim, nunca fui. Às vezes eu me sentia marginalizada, mas passou. Agora me assumo, quem gostar, gostou, quem não gostar….

[PPUC] Eu costumo assustar as pessoas com minha biblioteca “Serial Killer”, poderia nos contar sobre um dos seus livros preferidos na sua estante? 

Rô Mierling: Gosto do terror real, daquele que uma hora ou outra pode chegar a mim quando eu abrir a porta. Gosto de ler sobre sangue, morte, psicopatas e maldade humana, isso me prepara para qualquer coisa que eu possa encontrar na minha estrada. Então posso citar como preferidos da minha biblioteca todos os livros da Ilana Casoy, tenho todos, das editoras antigas e os da Dark, no geral tenho quase todos os da Dark na estante dos preferidos. Gosto muito também do As mulheres mais perversas da história de Shelley Klein, amo todos os livros sobre  Jack, o estripador, tenho 13 livros sobre ele, gosto muito do Demonologista, é um enredo maravilhoso e Social Killers.com – (das fotos), que é muito bom frente a nova onda tecnológica da internet e os contatos virtuais e tenho um carinho especial por um dos mais antigos livros que tenho, mas que é um dos meus tesouros, saídos da biblioteca do meu falecido pai, que se chama Filha de Deus, Filha de Satanás, escrito por Susan Atkin, jovem que pertenceu a família Manson, descrevendo passo a passo as mortes e a influência sinistra de Manson sobre o grupo. Só não mandei a foto de todos, lado a lado, pois estou em Buenos Aires e minha biblioteca fica na minha casa no norte de SC, ficarei devendo foto das estantes sinistras que me abraçam.

[PPUC] Sabemos que ser mulher e escritora não é um combo muito feliz, nascemos ouvindo que para sermos publicadas precisamos de pseudônimos ou nomes masculinos. Como foi pra você isso? Você alguma vez pensou que precisaria disso? Chegou a cogitar essa ideia? 

Rô Mierling: Minha vida foi cercada de livros desde que aprendi a ler e 60% dos meus livros são de escritoras. Sinceramente nunca me senti diferente por escrever e ser mulher. Esse lance de nome de homem para livro, nunca me passou pela cabeça e acho totalmente desnecessário.

[PPUC] Graças a cada vez mais conversas sobre representatividade na literatura os leitores tem se dedicado a ler mais mulheres e consequentemente reparado mais em como as obras também trabalham a representatividade. Você se preocupa em trazer isso para os seus livros? fuga de esteriótipos, discussão de gêneros, polêmicas, o que os leitores podem esperar do seu romance? 

Rô Mierling: Trabalho bastante a mulher como pessoa, como ser humano igual ao homem,  que pode ter suas fraquezas e até ser animal. Faço questão de mostrar como a mulher pode chegar a níveis degradantes através de certas situações impostas pelo homem e pela sociedade mas como ela pode ser tão cruel quanto ele. Esse lance de mulher bonita e homem rico, mulher gostosa e empresário, sexo feliz e casual entre vizinhos, meninas fracas e homens salvadores não faz parte da minha literatura. A realidade é muito mais do isso e eu sigo essa linha.

[PPUC] Sabemos que você não pode nos revelar muita coisa, então se pudesse nos descrever seu livro que será lançado pela DarkSide Books em uma frase, qual seria? 

Puta que pariu, depois dessa pensarei dez vezes antes de pegar uma carona de novo. 

[PPUC] Muito obrigada por responder minhas perguntas e participar dessa entrevista, aposto que os leitores do Pausa Para um Café vão ficar muito interessados pelo o que está por fim, se você pudesse deixar algumas palavras para as jovens escritoras que nos leem nesse momento, qual seria suas palavras para aquelas que tentam mostrar seu terror em meio a uma prateleira de homens publicados? 

Rô Mierling:  Agradeço muito a oportunidade. Adoro café (ou tequila, melhor ainda) e adoro livro, logo adoro vocês ?Para nossas escritoras darks: Meninas, vejam bem, não somos meninas. Somos escritores, e a escrita não tem sexo.  Sua mente não tem sexo, sua imaginação e criatividade também não. Então vamos em frente, com o terror real e fantástico que habita em nossas mentes e no nosso mundo. Desistir jamais, aterrorizar, sempre!

Curta a fanpage da Darkside Books para acompanhar os lançamentos da Editora!

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