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O equilíbrio da Força

Para finalizarmos o Janeiro Branco, guardei o assunto mais especial e que toca o coração de muitos de nós. O que Star Wars pode nos ensinar sobre saúde mental? Muitos de nós sabemos que essa história não se resume a briguinhas com espadas de luz e pew pew no espaço. Boa leitura e lembre-se de cuidar de você mesmo(a)!

Não importa sua idade, não importa realmente. Você, em algum momento, ouviu falar de Star Wars. Cada geração teve uma trilogia de Star Wars, praticamente. E um tema recorrente na saga das Guerras nas Estrelas é o de equilíbrio. Seja você a pessoa que viu o primeiro filme no cinema ou na fita cassete, seja você um super fã da Rey ou do Kylo Ren e ainda torce o nariz em ver os antigos, o tema de “bring balance to the force” é recorrente. Mas eu tenho uma visão mais crítica sobre isso.

Luke aponta em “Os Últimos Jedi” sobre a arrogância dos jedi, que foi exatamente essa característica que os levou à ruína e eu concordo com essa afirmação. O conceito de equilíbrio em Star Wars sempre foi equivocado, em minha interpretação. Equilíbrio, por definição, é atingir um ponto de compensação, um estado onde as forças entram em harmonia, aplicando a Star Wars, seria que o usuário da força soubesse encarar o lado da luz e o lado das trevas em igual medida. O que nos remete a arrogância dos jedi em achar que O Escolhido deveria trazer equilíbrio à força sendo parte apenas do lado da luz. O Conselho praticamente entregou Anakin de mão beijada à Palpatine e nem percebeu isso.

O usuário da força deve entender bem o que lhe faz uma pessoa de virtude e o que, também, lhe faz uma pessoa com defeitos. O conceito de sombra na Psicologia Junguiana pode explicar muito isso, no sentido de que você só consegue trilhar o caminho da individuação (autoconhecimento, resumidamente) se você tiver plena consciência dos seus próprios aspectos negativos, desfavoráveis, em outras palavras, seus próprios demônios internos. Claro que não teríamos toda jornada já estabelecida se todos fossem equilibrados todo tempo, contudo, é uma obra que nos ajuda a refletir que, quando caímos em um dos extremos, perdemos a habilidade de ver o contexto como ele realmente se apresenta. Isso também pode se aplicar na temática do RPG, limitando sua atuação em qualquer um dos alinhamentos caóticos.

Talvez uma das mais importantes qualidades para uma boa saúde mental seja uma vida equilibrada, no geral. Jean Piaget usava o termo “Equilibração” para dizer que a inteligência deve ser confrontada para evoluir. Para o biólogo, quando nós entramos em contato com algo novo, há um processo adaptação e equilibração, o que significa que nós nunca estaremos perfeitamente equilibrados, mas sim em constante evolução. E isso é importantíssimo. Eu acredito muito no potencial da personagem Rey pois ela mostra exatamente essas características através de sua breve jornada. Ela flertou com o lado das trevas e contestou o lado da luz, sendo desequilibrada com cada novo conhecimento, se adaptando a ele e atingindo o equilíbrio, agindo da forma que ela julgava ser a correta.

Nós nunca iremos conseguir viver 100% equilibrados e focados, isso é uma falácia. O objetivo deste texto é te convidar a refletir que o equilíbrio é uma jornada, não o destino. Você enfrentará desafios que só você poderá se adaptar e vencer. Seu equilíbrio será testado, sua virtude será colocada à prova pelo viés de confirmação. É preciso ter a audácia de abraçar o que é verdadeiro ao invés daquilo que nos faz sentir bem, já dizia Carl Sagan.

Para saber mais sobre a campanha Janeiro Branco, acesse o link abaixo: https://janeirobranco.com.br/

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