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[Séries] Review: Hannibal s02e13

ALERTA: Esse post contém cenas de violência, canibalismo, morte e SPOILERS. Não deixe ao alcance de crianças nem de fãs desavisados.

Apesar de eu ter feito uma review do primeiro episódio da temporada (não viu? Clique aqui pra ler), acabei não repetindo a dose pros demais episódios. Isso se deu por muitos motivos, mas especialmente porque Hannibal, por ser uma série curta, é o tipo de coisa que cabe melhor falar do todo do que de episódios separados. Afinal, a construção do arco da temporada se dá de maneira sutil e intensa.

Aconteceram coisas demais nessa temporada, que foi marcada pela transformação de Hannibal Lecter e Will Graham, em vários sentidos. O rumo quase imprevisível tomado separa a season finale da season premiere por quase um abismo de acontecimentos. Doze episódios atrás, Will estava preso, acusado injustamente de ser o Chesepeake Reaper, e acusando Hannibal, que agora o substituía no FBI, para ninguém escutar. Em contrapartida, o último episódio dessa maravilhosa temporada começa com uma conversa séria em duas frontes – Will & Jack e Will & Hannibal – em que um perigoso plano é traçado para prender o Dr Lecter em flagrante. E será Will capaz de fazer o que é preciso quando chegar a hora?

O plano tinha tudo para dar certo. Hannibal já estava convencido a mostrar-se como o verdadeiro Chesepeake Reaper num ataque surpresa a Jack durante um jantar, depois do qual escaparia, com a ajuda de Will. E Jack estava pronto para servir de isca, tendo atiradores de elite preparados para agir em segundos tão logo fosse atacado, também contando com o apoio de Graham. Mas enquanto Will trabalha como agente duplo, ele não consegue impedir que tudo venha abaixo: de um lado, Hannibal sente nele o familiar cheiro de Freddie Lounds, supostamente assassinada por Will; e de outro, a operação encoberta de Jack e Will é descoberta pelo FBI e dada como cancelada. Agora há um mandato de prisão não apenas para Hannibal, como para Will e Jack. Tentando de último minuto cancelar os planos, Will, avisado por Alana, liga para Hannibal e passa uma mensagem que o Dr Lecter já conhece muito bem: eles sabem.

Mas agora é tarde demais. Jack decide que o FBI não pode impedi-lo e comparece ao jantar na casa do Dr Lecter, conforme o combinado. É então que a ansiada sequência de luta que abriu a temporada começa, mas agora em sua versão estendida – enquanto Hannibal e Jack brigam na cozinha, Alana adentra a casa, armada, pronta para impedir o pior. Pro seu azar, contudo, Hannibal já contava com essa possibilidade e descarregara sua arma, agora inútil. Enquanto tenta fugir, vem o choque: ela encontra ninguém menos do que Abigail Hobbs escondida em um quarto da casa. Mas se você estava esperando abraços de saudade e uma reconciliação, pode esquecer. Abigail empurra Alana da janela, quase na hora em que Will chega pra briga.

Ele entra, esperando achar um Jack semi-morto e um Hannibal pronto pra atacar. Ao invés disso, encontra Abigail. Mais uma vez, o retorno da garota do mundo dos mortos não é bom presságio; logo em seguida chega Hannibal, que, cheio de ressentimento e de coração partido, dá uma facada em Will (e a gente achando que ia sair um beijo Hannigraham….). Não contente, ele finaliza cortando a garganta de Abigail – dessa vez, pra valer. E vai embora, deixando um rastro de sangue para trás.

Mizumono consagrou uma temporada espetacular e devastadora, do tipo que só tem pontos altos. Não dá pra classificar um episódio de Hannibal como sendo melhor do que outro, porque todos seguem o mesmo ritmo cruel e surpreendente. Como na primeira temporada, apesar de todos os indícios e de toda a preparação, a season finale chocou e me deixou de queixo caído, gritando pelo quarto. Imprevisível, essa é a palavra. Como em cada um dos episódios anteriores, o rumo podia mudar a qualquer momento. O gancho se deu não somente pela visão bizarra dos momentos finais – praticamente todo mundo à beira da morte e Hannibal fugindo com estilo num voo internacional, acompanhado por ninguém menos que sua ex-psicóloga, Bedelia – como pela necessidade por respostas. Como Abigail ainda estava viva? Por que a Dra DuMaurier está com Hannibal? Como eles conseguirão capturá-lo?

O crescimento dos personagens nessa temporada foi enorme. Alana foi de minha queridinha a nêmesis – por optar desacreditar na verdade, envolveu-se com o inimigo e cavou a própria cova. Jack provou-se muito mais esperto do que eu imaginava, dando linha pra que o próprio Lecter se enforcasse, fingindo-se de cego pra armar o plano quase perfeito. Will foi de vítima a assassino e vítima de novo, chegando a extremos inimagináveis; se por vingança ou por justiça, não dá pra saber. Brincou na linha que separava a mentira que contava aos outros das que criava para si mesmo, tornou-se agente duplo, manipulou todos os lados e situações de maneira exemplar – um verdadeiro discípulo do Dr Lecter? E Hannibal concluiu a série reafirmando, aos meus olhos, tudo em que eu já vinha acreditando – que ele estava tentando “construir” alguma coisa com o Will, uma espécie de família, talvez. Os dois e a Abigail. É visível que ele realmente se magoou com o Will, porque, na cabeça dele, os dois tinham uma conexão, uma amizade. Ele tinha se aberto e confiado no Will, e o Will traiu essa confiança. Estou naquele ponto em que a minha vontade de ver o personagem se dar bem se choca com a minha necessidade por justiça em meio a tantos outros personagens queridos (quase) mortos. Não sei pra que lado torcer.

Agora é esperar 2015 chegar, com a terceira temporada e muitas novas emoções. Até lá,a gente revê os episódios, sofre e conspira. Se alguém vai sobreviver – tanto os fãs quanto os personagens – só o tempo vai revelar.

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