O subtexto é uma espécie de comentário efetuado pela encenação e pelo jogo do ator, dando ao espectador a iluminação necessária à boa recepção do espetáculo. – Stanislavsky (O pai da teoria no teatro)
Nesta semana, um tema para jogadores, mestres de RPG e escritores de livros. Vamos fazer a seguinte convenção, sempre que eu mencionar atores, estarei me dirigindo aos jogadores de RPG. Não se enganem, é isso que vocês são. Sempre que eu disser autores, estarei me direcionando aos mestres… claro, aham, óbvio.
Primeiro aos jogadores. Como dito em uma postagem anterior, não é exigido que um jogador tenha grande interpretação. É sugerido que a pessoa construa algumas nuances, marcas de personalidade que devem ser exageradas. Um exemplo é um clérigo que sempre fala da sua divindade: “ Só Khalmir é justo, não devemos confiar neles”, “Khalmir é um deus guerreiro, precisamos lutar pela justiça”, e assim por diante.
Essa semana, o mestre Stanislavsky (sim, ele era autor de livros, a confusão é proposital), traz um novo conselho: Usar subtexto intensifica a atuação. O primeiro exemplo é o lula molusco, qual é o subtexto? Uma pessoa que detesta o emprego, não gosta da sua vida atual, mas é acomodado, não esforça ou não tem coragem de mudar. Ele não fala, mas demonstra pelo comportamento pessimista, pelas críticas constantes à alegria do Bob esponja e pelo mau humor. É um personagem vivo porque é morto, legal né. Isso é subtexto, falar sem dizer. Último exemplo, Sandro Galtran do quadrinho Holy Avenger, perto da Lisandra ele fica sonso e faz tudo que ela quer. Ou seja, quando se está apaixonado, em geral, só se faz besteira.
Agora alguns comentários direcionados aos narradores. O subtexto pode ser visto como uma história por trás de outra história. É diferente de lição de moral, o subtexto é um relato “nas entrelinhas”. Por exemplo, o Homem-Aranha, a lição de moral pode ser aquela máxima: “grandes poderes e blá blá blá”. Mas existe um subtexto, é o conflito de um jovem adentrando a fase adulta. Ele não te ensina como chegar a fase adulta, apenas relata as dificuldades.
O grande escritor, e (ex-)mestre de RPG, Stephen King, fez o seguinte pronunciamento: “Harry Potter é sobre confrontar os medos, encontrar força interior e fazer o que é certo apesar das adversidades. Crepúsculo é sobre a importância de se ter um namorado”. Não quero ofender ninguém, respeito muito quem gosta de crepúsculo, eu ATÉ converso com fãs da série. A citação do mestre está aqui para mostrar o que ele observou nos livros. O que Stephen King diria da sua história de RPG? O olhar dele estaria nas entrelinhas, no subtexto.
Mas como fazer isso? É mais fácil do que parece, na verdade, todas as histórias que criamos tem algum subtexto advindo da nossa experiência de vida. Mas é importante refletir e controlar a mensagem. Seguem alguns exemplos:
- Com inteligência é possível superar força bruta: Um grupo de orcs (ou motoqueiros – não é um subtexto) está causando problemas. Os personagens precisam detê-los, mas sabem que não podem enfrentá-los diretamente. Os jogadores precisam criar uma maneira de vencer.
- Inteligência às vezes não supera força bruta: Os jogadores precisam invadir a torre de um terrível lich. A torre é cheia de armadilhas e monstros bem posicionados, mas os jogadores são muito fortes, eles aguentam tudo, enfrentam o mago e o derrotam, mesmo ele tendo se preparado.
- É difícil agir corretamente quando há emoções envolvidas: Alguém querido de algum personagem é assassinado, eles investigam e capturam o vilão. O que vão fazer? Entregá-lo às autoridades ou saciar o desejo de vingança?
Os subtextos aumentam a riqueza, tanto da interpretação como da história. Podem e devem ser usados como uma ferramenta para incrementar as partidas de RPG. Afinal, eu sou um AMENDOBOBO, YEAHHH!!!
Segue uma poesia que encontrei nas minhas pesquisas e achei muito boa.
O subtexto – Marcelo Souza
Tua vulva.
Tua válvula.
Tuas vontades.
Teus negócios.
O ócio da carne.
E seu ofício obscuro.
A aventura, o cerne.
Umas curvas.
Uns penhascos.
As razões. O dolo.
Outras cláusulas.
Leis, protestos.
Os protocolos.
O teu colo, nú.
Uns bilhetinhos azuis.
A luz apagada.
A pele. Os pelos.
Os novelos da alma
À meia-luz.
A escrita bonita
Das mãos sobre a pena,
E da língua entre as pernas.
O proibido, o mais querido.
Os rabiscos do desejo.
Por cima da pele,
As mãos e as convenções.
O dito, bendito contexto.
Sim, é por baixo da pele
Que se traça toda graça.
O mais doloroso
O mais gostoso
De todo o sexo
É o subtexto.
Fontes
http://teatrototalilheus.blogspot.com.br/2013/04/o-papel-do-subtexto.html
http://marcelosousaoficial.blogspot.com.br/2012/09/o-subtexto.html
http://mundodastrevas.com/zines/dicas-de-mestre/posts/regra-7-insira-um-subtexto
http://obasicoemletras.wordpress.com/2013/01/27/a-santissima-trindade-literaria-subtexto/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Constantin_Stanislavski
NÃO ENTENDI NADA.
Realmente, a escrita ficou meio ruim, prometo deixar mais claro nos próximos. xD
Olá, Anna, tudo bom?
Fico feliz que meu artigo tenha ajudado você a escrever o seu. Como desconheço RPG, fiquei até surpreso que ele tenha sido mencionado nesse contexto. Muito sucesso pra você. Um abraço.
Mil perdões, Fred. Não tinha notado a menção ao colunista no final. Ainda assim, desejo boa sorte pra você. Um abraço.