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Uma carta de amor a Resident Evil 2

Olá, meu nome é Jhonatan. Sou Psicólogo clínico, de abordagem comportamental e amante das neurociências. Seguidores de boa memória vão lembrar que já tive participações aqui no Pausa alguns anos atrás. Tive de dar um Até Logo à Anna Shermália pois, à época, a universidade me consumia muito tempo. Hoje volto com postagens mensais, misturando um pouco da perspectiva da psicologia em assuntos da cultura nerd, com uma ênfase nos videogames, minha área de paixão, além de falar de assuntos pertinentes.

Hoje, como início, quero aproveitar a edição de 2018 da Eletronic Entertainment Expo, ou E3 para os mais chegados, para fazer uma carta de amor a um dos jogos mais importantes da minha vida, que teve sua reimaginação apresentada na conferência da Sony, Resident Evil 2:


Oi, Resident Evil 2, meu nome é Jhonatan e nos conhecemos há vinte anos.

Eu preciso me desculpar, a priori. La em 1998 eu te vi na locadora da minha cidade. Custava apenas R$1,00 por uma hora de jogo, mas eu não tive coragem. Eu era uma criança de oito anos e facilmente impressionável, mal consegui olhar pra sua capa sem dar uma leve travada.

Fui ter coragem de te comprar em meados de 2002, quando ganhei meu PS1. Ganhei mesmo, pois não tinha condições de compra-lo e o filho de um amigo do meu pai não o queria mais. Você foi um dos primeiros jogos que comprei. A primeira vez foi um desastre. Eu coloquei o CD da mocinha ruiva chamada Claire e morri antes de chegar na delegacia. Eu definitivamente não estava acostumado aos controles e aos cenários em três dimensões, câmera fixa então nem se fala. Eu me lembro que fiquei uns três dias sem jogar por um pequeno trauma de ver aquele amontoado de pixels sendo devorado por mais três amontoado de pixels. Esse trauma veio a piorar em Silent Hill e Fatal Frame, mas essas são histórias para outro dia. Você foi o jogo que me fez ficar apaixonado por jogos de terror e por estraçalhar todas as experiências futuras com filmes de terror. Hoje sou pesadamente criterioso para os jogos que escolho e quase nenhum filme consegue me abater, pois quem joga as variações de jogos de terror sabe que esta a um nível acima, sabe que a sobrevivência daqueles personagens esta em suas mãos, dependendo das suas ações e não do roteiro escrito em pedra.

Descobrimos que seu irmão saiu da cidade. Que tal se a gente sumir daqui? Só uma ideia!

Aprendi a ser criterioso e fazer bom uso da regra dos quinze anos. Você não envelheceu bem, velho amigo. Seus gráficos são distorcidos quando jogado em uma televisão mais recente. Eu sempre me perguntava como os policiais da RPD faziam suas necessidades básicas, se naquele departamento não havia banheiros. E qual o sentido da escada de emergência na sala principal, sendo que o segundo andar deveria ter acesso fácil aos policiais e transeuntes? Você tinha limitações de hardware, eu entendo. Você teve uma produção conturbada e teve até um rosto diferente, eu entendo também. Mas não posso tirar essa responsabilidade sua, amigo. Muitas coisas em você não faziam nenhum sentido,

Mas então, bate o que se está famoso com os seres humanos hoje em dia: nostalgia. É um assunto muito legal – e perigoso – que pretendo escrever sobre, mas não hoje. Eu me lembro de sentar perto da televisão, durante a noite, encarando meus medos até chegar no fim da história. Eu lembro de ficar com um dicionário do lado, com intuito de traduzir os vários arquivos espalhados pelo caminho, querendo, faminto por saber mais informações do que havia acontecido naquele desastre biológico. Eu me lembro de ter de contar a minha munição, poupar cada tiro de Magnum e saber a hora certa de entrar em combate. Vou dizer algo aqui que vai deixar seus irmãos com inveja, mas William é mais icônico pra mim até mesmo que Nemesis. As suas diversas mutações me desafiavam todas as vezes. Além disso, me foi mostrado quem era aquele monstro, me foi mostrado sua versão humana e não apenas sua degeneração violenta. Ele foi um pai, marido e cientista que dedicou sua vida ao seu trabalho e ainda foi traído. O vilão humanizado é sempre mais intenso que a máquina de matar com a profundidade de uma folha de papel.

Ou você jogava Resident Evil ou tinha aracnofobia, os dois não dava!

Eu fiz de você uma tradição, Resi 2. Todo ano, desde 2002, eu termino seus cenários pelo menos uma vez, Claire A – Leon B, Leon A – Claire B, assim como fiz com outros jogos e filmes. Por um tempo, eu até usei meu apelido, Jhow, juntamente de SKL nos nicknames de jogos online. Você pode ter sofrido com a passagem do tempo e com as várias decisões artísticas, mas você estará para sempre no meu top 5. Você foi o jogo que me fez esfriar a cabeça inúmeras vezes, o jogo que me fez feliz, o jogo que me proporcionou raciocínios lógicos beeeem no começo da minha experiência com videogames mais novos.

Hoje, aqui em 2018, o seu ressurgimento foi apresentado. Depois de três anos do misterioso “We Do It”, a Capcom roubou a E3 só pra ela e nos apresentou toda a glória que você merecia. Nos trailers e nas demonstrações, foi possível ver que eles te trataram com tanto carinho quanto eu exigiria deles. Vários jogos legais foram apresentados nesse ano, muitos dos quais quero muito jogar e experimentar, mas você foi o que me roubou no instante que entendi que aquele rato era o transmissor do Vírus-G aos suprimentos de água de Raccoon City. No momento que vi Leon, a cidade, Sherry, Claire e companhia, meu coração parou. Vibrei em silêncio, pois não queria acordar ninguém. Um marmanjo perto dos seus trinta, se sentiu uma criança novamente.

Nós não culpamos a tecnologia dos anos 90 por reduzir Raccoon City a uma grande cópia de 5 ou 6 pessoas.

Para finalizar, informo que esta carta foi escrita ao som da sua trilha sonora, da qual nunca soube ter uma lista de reprodução sem a faixa “Escape from Laboratory”. Essa música toca na minha cabeça automaticamente sempre que tenho um limite de tempo para fazer qualquer ação. Agradeço aos deuses que seu Remake virá com opção de usar a trilha sonora original. Obrigado, Biohazard 2, obrigado pelas lembranças, pelas habilidades conquistadas e por apresentar os melhores personagens de sua franquia. Seu legado nunca será esquecido, mesmo que em janeiro de 2019, sua atualização não consiga te superar.

Com muito carinho, um de seus sobreviventes!


Tenho outras cartas em mente, mas deixarei elas para momentos oportunos. Se você já experimentou Resi 2 ou qualquer outro da franquia, comente embaixo. Gostaria de ler a história de vocês. Um grande abraço e até mês que vem.

Onde Comprar:
Submarino

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