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US/NÓS – RESENHA (Sem spoilers)

Após o sucesso de “Corra!”, Jordan Peele ganhou o Oscar por Melhor Roteiro Original com um filme que mostra o quão assustador é o racismo estrutural em nossa sociedade. Muitos costumam torcer o nariz quando o assunto é “filme de terror” em premiação de alto calão, marginalizando ainda mais um gênero que sempre teve como base a crítica social em suas camadas mais profundas; por isso, ter Jordan Peele dentro desse meio é ESSENCIAL.

Em “NÓS” não seria diferente. Peele escreve, produz e dirige uma obra de tirar o fôlego, com uma trilha sonora que consegue atingir os cantos mais sombrios do nosso inconsciente. Enquanto ficava inquieta na cadeira do cinema, me agarrava aos braços da poltrona ao ver os personagens fugindo de uma família que era uma cópia fiel de si mesma.

A história é simples (e não é): a família que protagoniza o filme vai passar as férias de verão na casa de praia da Adelaide (Lupita Nyong’o), e desde o princípio percebemos que ela não está nem um pouco feliz com isso – pelo contrário. Ignorando os medos da esposa, Gabe continua querendo se divertir e aproveitar a casa e seu mais novo brinquedo: um barco defeituoso. Sua filha mais velha só pensa em ficar no celular e o caçula adora filmes de terror – sendo considerado “o estranho” da família.

O elenco é de tirar o chapéu e é uma alegria muito grande ver protagonistas negros que não sejam retratados com uma família disfuncional. Lupita Nyong’o está IMPECÁVEL ao interpretar tanto Adelaide quanto Red, sua doppelgänger misteriosa. Falando nisso…

O tom absurdo do roteiro não quebra a suspensão de descrença justamente pelo dom de Peele em desenvolver histórias bem amarradas e não ter medo de salpicar aqui e ali momentos de alívio cômico; mas não se engane: “Nós”, assim como “Corra!” NÃO É COMÉDIA. É uma obra de terror que traz a reflexão sobre a hierarquia invisível que nós ajudamos a manter dentro da sociedade, em nosso comodismo de não questionar que aqueles que estão abaixo são iguais a nós.

Dizem as más línguas que Jordan Peele é o novo Spielberg, mas isso precisa parar. Jordan Peele é Jordan Peele, um dos melhores diretores de horror contemporâneos, e isso basta, certo? Certo.

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