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vídeos são bons, mas eu gosto mesmo é de escrever

Que me desculpem a mais nova geração com um nome cheio de letras que mais parecem o nome do mais novo filho do Elon Musk. Vídeos curtos são legais, eu aprecio a facilidade de aprender como trocar um chuveiro em menos de um minuto, aprender uma receita nova com uma boa trilha sonora e ainda poder compartilhar com todos os meus amigos em menos de três cliques de distância.

Mas sinceramente? Eu gosto mesmo é de um bom textinho.

Palavras emaranhadas em uma escuridão que transborda feito tinta escorrendo pela beirada da tela do pintor que calculou um pouco errado e agora precisa lidar com o que sobra, e assim se suja. É bom demais se sujar em palavras e precisar recorrer a um ponto ou vírgula para se segurar e lembrar de respirar.

Não me julguem, eu não sou uma hipócrita, também sou adepta desse formato vertical onde pessoas em menos de 60 segundos, e pasmem, as vezes até em 15 produzem conteúdo. É assustador como as coisas podem ser rápidas e fugazes. Me entristece igual minha avó dizendo que “o que vem rápido, vai rápido”. Como faz pra aproveitar algo tão imediato? Às vezes eu termino um vídeo com aquele gosto amargo de “ah que me falta me faz um textinho”. Um textinho bem escrito que me faz perder uns bons minutos da minha vida, que me faz deixar o café esfriar pois eu simplesmente esqueci minha vida enquanto o texto me pegava pelas entranhas e consumia minha alma e a única coisa que eu precisava era: LER.

Talvez esse pensamento tenha surgido por causa dela: Clarice Lispector. Ontem era domingo e com uma das minhas melhores amigas que é tão apreciadora do texto quanto eu, aproveitamos para fazer uma das nossas atividades preferidas: ler em voz alta juntas. Escolhemos Clarice pois eu tenho dificuldade de entendê-la. Ao ler a mente dessa mulher selvagem em suas palavras e complexa em sua fluidez de consciência lembrei o quanto eu gosto do texto, da palavra escrita, da junção das formas que se tornam história e depois de poder dizer: “sabe, eu li em uma história…”. Passar uma história para frente é mais demorado que compartilhar um livro, exige uma lembrança e um esforço mais demorado, te aguarda mais que o apertar de um botão.

Me perdoem quem é do vídeo, eu também gosto que vocês me vejam bonita e escutem minha voz, mas é no texto que vocês enxergam minha alma. 

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