Whovian que é whovian sabe que Natal não é sinônimo de Papai Noel, presentes e ceias fartas – Natal é aquela época do ano em que o Tio Moffat tira da gente até a última lágrima, e destrói nossas vidas, ora com episódios edificantes e lindos, ora com despedidas de partir o coração. Não coincidentemente, o especial de Natal de 2013 foi o episódio escolhido para dizer adeus à era Matt Smith.
No dia 25 de Dezembro, whovians do mundo se ajeitaram em seus sofás pra assistir The Time of the Doctor e antecipar a chegada de Peter Capaldi, nosso 12º Doctor (ou não). Depois do especial de 50 anos (você pode tentar ler a minha review de 25km de comprimento clicando aqui) a expectativa era fechar as várias questões pendentes desde a 5ª temporada para dar prosseguimento ao plot do return-or-not-return dos Time Lords.
E não é que Moffat realmente conseguiu?
Num resumo dos acontecimentos, The Time of the Doctor começa com aquela sensação de que nada dos acontecimentos de The Day of the Doctor existiu – Clara está na casa dos pais, se preocupando com o peru e com o fato de ter mentido sobre ter um namorado pra trazer pra ceia de Natal, e o Doctor está seguindo o sinal de uma mensagem misteriosa, que se propagou pelo universo, com a ajuda de uma cabeça de Cyberman que afirma que esta mensagem vem de Gallifrey – ainda que isso seja tecnicamente impossível.
Após pedir ajuda ao Doctor para a) se passar por seu namorado para a família dela, e b) usar o vortex da TARDIS pra assar o peru de Natal mais rápido, Clara acaba seguindo o Doctor até uma nave-santuário da Papal Mainframe, uma igreja espacial comandada pela Madre Superiora Tasha Lem, que também está tentando decodificar a mensagem. Para ajudá-la, Doctor e Clara são teletransportados até uma pequena cidade chamada Christmas (a.k.a. Natal em inglês), localizada num território sagrado em que é impossível contar mentiras – dentro de um planeta chamado, vejam só, Trenzalore. Seguindo o sinal da mensagem, eles acabam numa pequena torre, onde, para o espanto do Doctor, eles encontram uma rachadura em uma das paredes – exatamente a mesma rachadura do antigo quarto de Amy Pond.
Através dessa rachadura é que a mensagem vem se propagando, de um universo para o outro, para o nosso. E após decodificar a mensagem, nossa simpática cabeça de Cyberman a traduz: Doctor Who? Doctor Who?
Logo fica claro para o Doctor que a mensagem vem, mesmo, de Gallifrey, presa em seu pequeno universo particular – os Time Lords estão tentando alcançá-lo através da rachadura, e basta que ele responda a pergunta (sinceramente, já que, na pequena Christmas mentir não é uma opção) para que os Time Lords consigam atravessar para esse universo. Problema resolvido, certo? Gallifrey salva, Time Lords de volta, tudo bonito – mas não. Tasha Lem não pode permitir que isso aconteça, pois todos os inimigos dos Time Lords estão à espreita, se reunindo para um ataque iminente – o retorno da civilização perdida de Gallifrey significará uma nova Time War, e isso eles não podem permitir.
Inicia-se, então, um longo cerco à pequena cidade. Já sabendo que suas regenerações se esgotaram e que seu destino é morrer em Trenzalore, o Doctor faz aquilo que o Doctor sempre faz: engana Clara para mandá-la de volta pra Terra (e faz isso duas vezes!! Tsc-tsc, Clara burrinha!) e torna sua missão proteger a cidade, agora um alvo de ataques constantes. Por centenas de anos, ele permanece forte em sua proteção, sem revelar seu verdadeiro nome, mas sem permitir que a cidade e a última rachadura sejam destruídas permanentemente.
Mas após séculos de demora, eis que a TARDIS retorna e traz pendurada em si, ao maior estilo Jack Harkness de viajem, Clara, pronta pra tentar fazer o Doctor mudar de ideia; ela falha, é claro, e após ser novamente enganada, volta pra Terra, apenas para voltar para Trenzalore, pouquíssimo tempo depois, quando Tasha Lem surge, pilotando a TARDIS (River disapproves) e anunciando que o Doctor está morrendo, e deveria ter alguém ao lado dele nesse momento.
Tensões UP, começa o momento down do episódio.
Nos minutos finais de vida do Doctor, já um velhinho de centenas de anos e nas últimas, caindo aos pedaços mesmo, Christmas está completamente cercada. Clara implora mais uma vez que ele lute contra o destino e mude o futuro – mas ele não pode fazer nada. Já se regenerou doze vezes, e agora sua luta acabou. Ele vai enfrentar os Daleks uma última vez e se permitir morrer. Ele já viveu tempo demais.
Enquanto nosso Doctor velhinho sobe para enfrentar seus inimigos, Clara implora aos Time Lords, através da rachadura, que o ajudem. Qualquer coisa. Uma ajudinha, apenas, para mudar o futuro.
E seus pedidos são atendidos.
Nosso Doctor ganha uma nova rodada de regenerações (como é uma pergunta que ainda ficou para ser respondida), e vem a sequência mais triste da história das regenerações, com um discurso particularmente avassalador de Matt Smith, que mais uma vez esfrega na cara da sociedade o ator espetacular que ele é, apesar de ter só trinta anos, e toda a simbologia (às vezes mais óbvia do que deveria) que marcou sua era sendo desfeita aos poucos. Enquanto escrevo esse post, estou lembrando da sequência e vendo gifsets no tumblr e estou chorando. ESTE É O NÍVEL. Caso você não tenha chorado o suficiente ao ver o episódio, relembre as últimas palavras de Matt Smith com o auxílio do nosso amigo tumblr:
Perguntas que foram respondidas neste episódio (agradecimentos especiais ao Denis Pacheco por ter feito esse resumo):
1) Quem explodiu a Tardis e criou as cracks no universo?
The Silence, padres geneticamente criados pra que ninguém se lembrasse deles – assim eles seriam os perfeitos confessores.
2) Quem criou The Silence?
Os religiosos da Papal Mainframe que se dividiram em duas facções, uma tentanto proteger o Doctor e impedir Gallifrey de voltar e recomeçar a Time War, e outra mais agressiva que explodiu a Tardis e criou a River Song (com quem ele totally married).
3) Qual era a da pergunta Doctor Who?
Era a mensagem dos Time Lords para atrair o Doctor e fazer com que ele os libertasse do pocket universe onde eles estão.
4) Mas e Trenzalore?
Trenzalore era a última crack, e por isso o futuro tumulo do Doctor.
Agora é esperar pra ver o que Peter Capaldi nos trará de novo na próxima temporada. Já sabemos que ele pelo visto não sabe pilotar a TARDIS, mas e de resto? 2014 nos dirá!
Eu mal posso esperar pra descobrir!
One Comment