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A Lição de Anatomia do Temível Dr. Louison de Enéias Tavares

Este é o primeiro livro do autor gaúcho Enéias Tavares vencedor do concurso “Fantasy quer o seu Mundo”, lançado pela Fantasy (selo da editora Casa da Palavra) em agosto de 2014. Quando a Ana me pediu para resenhar essa historia, eu logo fiquei com um pé atrás, não sou alguém acostumado a ler livros com temáticas steampunk, tenho um apresso maior por universos fantásticos, romances históricos e ficções cientificas. Mas logo ao abrir o livro eu percebi que ele tinha tudo para ser sensacional, a começar pela capa, que me trouxe a sensação de um dos primeiros livros que eu li na vida que foi “Viagem ao centro da Terra” de Júlio Verne.

Sinopse: Porto Alegre. Dirigíveis gigantescos dominam o céu. Abaixo, o vapor cinzento dos bondes, das fábricas e dos estaleiros ao redor soma-se à fumaça dos charutos, dos cachimbos e das cigarrilhas. Vozes robóticas, barulho de hélices e maquinários misturam-se ao alarido do povo. De um Zepelin, desembarca Isaías Caminha, um jornalista carioca enviado à cidade para escrever uma matéria sobre o assassino em série Antoine Louison, que há poucos dias assombrava o local com um verdadeiro show de horrores – a exposição dos órgãos de suas vítimas. A aventura começa depois que o Dr. Louison, finalmente capturado e preso no hospício, desaparece misteriosamente de sua cela de segurança máxima sem deixar vestígios. Nesta busca pelo paradeiro do assassino, Isaías e um grupo de investigadores ainda vão topar com conhecidos do Dr. Louison, pertencentes a uma sociedade secreta de intelectuais, chamada Parthenon Místico, que estão dispostos a tudo para defendê-lo e desmascarar os criminosos. Esses amigos de Louison são alguns aclamados personagens da literatura brasileira, em reinvenção – Rita Baiana e Pombinha, de Aluísio Azevedo, Simão Bacamarte, de Machado de Assis, Solfieri, Álvares de Azevedo, entre outros.

“Prezado Isaías,

Diante da vista, tens duas escolhas, como cada habitante deste pequenino e exótico planeta: viver com medo ou caminhar em direção à noite, corajosamente, como eu e meus amigos temos feito, já há certo tempo. Mas não te demores, algumas portas se fecham, algumas janelas desaparecem, alguns livros se perdem, alguns prazeres morrem e alguns desejos se vão, como se vão os anos e as horas.”

O livro foi escrito em um formato bem peculiar, a começar pela “graphia” que é a mesma utilizada no Brasil em 1911(ano em que a historia se passa) e também porque ao longo da historia você vai se sentindo como um investigador que vai até uma sala com baixa iluminação para estudar um caso antigo, isso se dá pelo livro ser narrado muitas vezes em formatos de cartas, notários e gravações eletrostáticas, que é como o autor chama as gravações de áudio. (O que me fez pensar: Como assim eles não vão lançar esse livro em formato de áudio drama?) O autor trouxe esses conteúdos de uma forma tão boa que é muito fácil criar vozes para todos os personagens, desde os sotaques até a entonação.

A trama principal gira em torno de dois personagens, o investigador Isaias Caminha descrito pelo autor como “Um dedicado escrivão” que foi convocado para ir até Porto dos Amantes para investigar as historias atribuídas ao acusado, o Dr. Antoine Frederico Louison “Um medico Renomado” que em todo o livro é alguém misterioso, sombrio, e cheio de surpresas.

Alguns personagens roubam a cena ao longo da historia, como por exemplo, Simão Bacamarte um psiquiatra louco que saiu do livro “O Alienista” de Machado de Assis (livro que entrou para a minha fila) e se tornou o diretor e responsável do Asilo São Pedro (Para Psicóticos e Histéricas”). Ele é um personagem totalmente preconceituoso, machista, antissemita. Mas que brilha tanto durante o seu momento na historia, que da vontade de conhecer mais sobre ele, de entender porque tornou-se alguém tão amargurado. E se você quer um resumo sem spoilers sobre o que esperar dessa historia, basta ler o sumario, que foi escrito em formato de um poema rimado muito criativo e diferente de tudo o que eu já vi.

Essa historia traz referencias a diversos estilos literários, desde os clássicos da literatura, até a diálogos rimados como os de “V de Vingança” em um daqueles momentos que você começa a ler mais rápido de tão nervoso que fica à cada palavra. Também existem momentos em que a historia te faz lembrar Douglas Adams em “O guia do mochileiro da galáxia” quando ele diz “olha, nós vamos contar umas coisinhas aqui, mas se você quiser ir direto para o que importa, pode pular para o próximo capitulo” o que foi uma sacada de mestre, porque ele te faz rir por alguns segundos e depois te coloca em uma das partes mais tentas e assustadoras de toda a historia.

“A vingança, muito menos, não é um prato frio ou uma bebida quente. A vingança é apenas uma droga que intoxica por breves momentos, poluindo e contaminando o corpo aos poucos. E seu gosto é deveras amargo.”

O livro termina como uma boa historia acaba, sem pontas soltas a respeito da trama principal, mas deixando brechas para novas historias. E em minha opinião o livro possui três finais, um é quando todo o mistério da trama principal chega ao fim, outro é a resolução e também o final de toda a historia, e o terceiro final, que não traz nada referente ao livro, mas que emociona e mostra porque Eneias Tavares foi o vencedor do concurso “Fantasy” que são os agradecimentos.

Sempre que vou comprar um livro eu costumo ler a dedicatória, seja de quem me deu o livro, ou da pessoa que escreveu a obra, e nesse caso, estava sentindo falta dessa parte, mas aos 98% de livro concluído, quando eu já estava lendo as notas finais da obra, me deparo com a melhor carta de agradecimentos que já li, não sei se a ideia foi do autor ou da editora, mas essa foi sem duvida a melhor forma de finalizar o livro de um autor iniciante.

Entrei no livro sem nenhuma expectativa, e sai ancioso pela data do próximo lançamento.

Edição: 1 | Editora: Fantasy | ISBN: 9788577344895 | Ano: 2014 | Páginas: 304

Enéias Tavares tem 32 anos e mora em Santa Maria, no Rio Grande do Sul. É doutor em Letras e especialista nos Livros iluminados de William Blake. Pesquisador, tradutor e escritor, leciona literatura clássica na Universidade Federal de Santa Maria. De ficção, publicou As idades do homem na Coletânea 40, da editora Libretos. Escreve à noite e à luz de castiçais.

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