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Especial Mês da Mulher: Leia Mais Chimamanda, Elena, Xinran, Adélia… Leia Mais Mulheres.

Por muitos anos Mulher e Literatura eram duas coisas que não combinavam – pelo menos era essa a perspectiva machista que se tinha – que com o passar dos tempos e com o surgimento de nomes femininos como Jane Austen, As irmãs Bronte, George Eliot (pseudônimo de Mary Ann Evans), Agatha Christie, Virgínia Woolf, Simone de Beauvoir, Clarice Lispector, Rachel de Queiroz, Cecília Meireles, e muitas outras. A voz feminina foi tomando espaço e provando que mesmo com todas as privações que muitas tiveram, a Literatura é aberta a todos.

Foram nomes como esses que abriram portas e hoje temos escritoras como J.K Rowling e Elena Ferrante, que são de estilos e públicos diferentes mas que fazem um estrondoso sucesso com suas obras.

Com tantas mulheres maravilhosas na literatura é difícil escolher uma ou duas para falar, então pensei que para o último post do Especial Mês da Mulher seria interessante expandir as indicações trazendo uma lista com mais 4 escritoras, que diferente das anteriores das quais já li boa parte das obras e que fizeram e/ou fazem parte há muito tempo da minha vida como leitora. Essas aqui também são novidade pra mim e quero compartilhar com vocês a experiencia do primeiro contato e o desejo de continuar lendo seus livros.

Dessa forma teremos um número muito maior de mulheres para ler, embora essa ainda seja apenas uma pequena parcela entre tantos nomes.

Vamos lá?!

Chimamanda Ngozi Adichie

A Chimamanda é o nome do momento para nós quando se trata de Feminismo, Depois do seu discurso “We should all be Feminists” na conferencia TED de 2012 ela ganhou visibilidade por trazer a perspectiva de uma africana declaradamente feminista sobre a condição de gênero. Ela contextualiza o assunto com fatos e que ocorreram com ela no seu cotidiano e como enfrentou todos os preconceitos por levantar a bandeira do feminismo ainda mais na Nigéria, onde nasceu, país com uma cultura muito conservadora construída sob ideologias machistas. Mais tarde esse mesmo discurso foi adaptado e virou um livro (Sejamos Todos Feministas, publicado pela Companhia das Letras). Embora esse tenha sido um grande responsável pelo interesse dos leitores, a Chimamanda já era uma escritora de grande impacto, ela já tinha em seu currículo os romances Hibisco Roxo (2003), Meio sol amarelo (2006) e Americanah (2013), que já abordam temas nessa mesma pauta, denunciando práticas como machismos, sexismo, intolerância religiosa, racismo, etc. Mais recentemente foi publicado “Para Educar Crianças Feministas”, que é na verdade a adaptação de uma carta que ela escreveu para amiga que a tinha pedido conselhos de como criar a filha de acordo com o feminismo. Um texto curto, simples e direto que busca orientar crianças para uma educação mais igualitária.

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A Chimamanda é uma importante voz feminina que trata de assuntos atuais e pertinentes de serem discutidos, que nos propõe enxergar a necessidade de entendermos como o feminismo é importante.

Elena Ferrante

O pseudonimo mais comentado dos últimos tempos, Elena Ferrante é uma escritora italiana que mantém a identidade omitida por não achar importante que sua escrita seja influenciada pela sua aparência. E parece que está dando certo, pois independente de quem seja, suas histórias vem ganhando um grande número de leitores. Isso porque a autora aborda temas femininos de uma forma singular. A maternidade, a vida social, amorosa e profissional das mulheres de Elena são descritas de forma conflituosa, em tramas envolventes e reflexivas a cerca da condição da mulher. Até agora só li A Filha Perdida (2016) dela, onde pude acompanhar a história da Leda uma professora universitária de meia-idade, mãe de duas filhas criadas, que decide passar férias em uma cidade litorânea do sul da Itália. Ela acaba se envolvendo num drama de uma família napolitana que também está passando férias no local, e com os acontecimentos algumas memórias são desenterradas. Ela começa a remoer as lembranças do seu relacionamento com as filhas e as consequencias das escolhas que fez como mãe, e também do relacionamento com a família dela. A Filha Perdida traz personagens muito humanos, relações conturbadas e dá ao leitor uma visão de Mãe além da função/condição sem vitimá-la. A leitura é muito envolvente e super rápida.

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A autora é mais conhecida pela famigerada Tetralogia ou “série Napolitana” – A Amiga Genial (2011); História do novo nome (2012); História de quem foge e de quem fica (2013); História da Menina Perdida (2014). E além desses ela escreveu também: Dias de Abandono (2016); Um Amor Incomodo (2017), e o infantil: Uma Noite na Praia (2016).

Xinran

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Xinran é uma jornalista, radialista e escritora chinesa que tive a oportunidade de “conhecer” recentemente com o livro As Boas Mulheres da China (2003). Foi meu primeiro e único contato com a escrita dela até agora. Esse livro é uma coletânea de relatos de mulheres de diversas idades e classe social entre 1989 e 1997. Era um trabalho jornalístico da Xinran atrelada ao programa de rádio que ela apresentava na época. São histórias indigestas de vidas duras em condições subumanas, de maus tratos, de estupros, de separações, de espera e sobretudo de esperança. Histórias comoventes e quem abre os olhos do leitor para problemas que, infelizmente, ainda perduram.

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A escritora nos dá um importante panorama político-social da China nessa época, principalmente a respeito da Revolução Cultural chinesa, de como ideologias machistas e intolerantes disfarçadas de tradição podem corromper uma sociedade e destruí-la, respingando consequências por gerações. A leitura é incomoda mas é de extrema necessidade.

Adélia Prado

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A poetisa e filósofa Adélia Prado foi considerada a voz feminina na poesia e marcou sua época por representar a mãe, esposa e dona de casa que também explorava seu lado intelectual por meio de sua escrita. Quando escreveu Bagagem (1976) houve grande repercussão por retratar o cotidiano, as memórias, a fé cristã de forma e estilo único, e pouco usual na poesia convencional. A ausência de rima é uma característica na obra e concretizam que o ritmo dado aos seus poemas é o ritmo da voz, aludindo as conversas de cidades do interior, lembranças da infância, etc.

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A leitura de poesia é sempre necessária e foi através do livro Bagagem que eu voltei a me interessar pelo gênero. Adélia é um importante nome na Literatura Nacional, publicou oito livros de poesia, entre eles o também muito famoso Coração Disparado (1978) que li apenas alguns poemas. E também escreveu livros em prosa que pretendo conhecer em breve.

As recomendações desse e dos posts anteriores do Especial Mês da Mulher são modestas, talvez nem façam jus à maravilhosidade das autoras e suas obras, mas espero que tenham despertado algum interesse e contribuído para o incentivo à leitura de mais e mais livros escritos por mulheres.

Boa leitura!

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