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Longe de Casa, Malala Yousafzai

Como sobrevivente ao atentado do Talibã quando tinha apenas 13 anos e como a mais jovem ganhadora do Prêmio Nobel da Paz (2014), Malala ficou mundialmente conhecida. Mas somente em 2016 tive a oportunidade de ler sua história através da autobiografia “Eu sou Malala”, escrita em parceria com a jornalista Christina Lamb. Depois dessa leitura pude de fato entender a importância do seu ativismo e contribuição para a educação mundial, especialmente a educação para meninas. Pude entender que ela era mais que uma sobrevivente ou uma agraciada do Nobel, ela é uma voz que precisa ser ouvida e que ecoa várias outras.

“Eu não sou uma voz solitária, eu represento várias vozes.”

Neste ano ela lançou seu novo livro “Longe de Casa”, que é ao mesmo tempo um livro de memórias e uma narrativa coletiva onde ela conta sua história de migração e dá voz a garotas que estão entre os 68,5 milhões de pessoas, que com as guerras e a ameaça constante de violência, tiveram que se deslocar do seu país de origem para tentar se refugiar em outros. Resultando no que o mundo chama de “Crise dos Refugiados” ou “Crise migratória”.

Refletindo sobre sua própria condição de migrante, Malala busca nos mostrar que essas pessoas não são apenas números, que todas compartilham pontos em comum como a violência e a saudade de casa, mas que cada uma delas tem uma história e uma vivência.

Na primeira parte do livro, Malala contextualiza brevemente sua própria trajetória de vida, pois enfatiza que essa é uma história já explorada que não pretende recontá-la aqui. Na segunda parte ela apresenta então, histórias de nove garotas de várias partes do mundo, do Oriente Médio à América Latina, que tiveram que deixar para trás sua comunidade, seus parentes e o único lar que conheciam.

Ela também incita a discussão de que devemos ter um olhar mais humano para com eles, pois “Muita gente acha que refugiados deveriam sentir apenas duas coisas: gratidão ao país que lhes ofereceu asilo e alívio por estarem a salvo. (…)a maior parte das pessoas não compreende o emaranhado de emoções que surge ao deixar para trás tudo que você conhece. Não se está apenas fugindo da violência – que é o motivo pelo qual tantos são forçados  a ir embora e é aquilo que os jornais mostram -, mas também deixando seu país, sua amada casa. Isso parece se perder nas discussões sobre refugiados e deslocados internos. Há um foco exagerado em onde estão agora, em vez de no que perderam.”

Outro grande aspecto presente em cada história é a importância da educação. Muitas delas vêm de comunidades que, culturalmente, impede meninas de estudar e o único destino considerado é o casamento e a vida doméstica. Isso as fez entender que a educação é um direito delas e que devem lutar por ele, o que torna suas histórias ainda mais especiais.

“Uma das garotas que conheci (…) disse que a família queria que ela casasse com um homem (…) que tinha mais de quarenta anos. Ela tinha dezessete. Perguntei se estava de acordo. A garota deu de ombros e disse:
—Que outra escolha eu tenho?}
(…)
Se sua família te ama de verdade, não vai te deixar casar com esse homem. Diga a seu pai: “Se quer mesmo me proteger, me deixe estudar”.
Quando a vi alguns dias depois, ela correu até mim e disse:
Não vou mais casar! Vou para a escola!
Fiquei tão feliz que peguei suas duas mãos e disse:
Nós duas podemos ser o efeito dominó. Se formos para à escola, outras também irão.
Ela apertou minha mão e sorriu. Em seu sorriso eu vi esperança.”

Essas são mais que histórias tristes, esse efeito dominó, essa rede de apoio que cada garota criou para ajudar e inspirar umas às outras nos fazem repensar alguns conceitos e o valor que damos as pequenas coisas da vida. A leitura desse livro traz uma espécie de alento e esperança.

Recomendo!

Onde Comprar:  Amazon  – Amazon Kindle – Submarino  Site da Editora

ISBN-13: 9788555340826 | ISBN-10: 8555340829 | Ano: 2019 | Páginas: 222 | Editora: Seguinte

Malala Yousafzai é uma estudante e ativista paquistanesa. Ela é conhecida por seu ativismo pelos direitos à educação e o direito das mulheres, especialmente no Vale do Swat, onde o Talibã às vezes proíbe meninas de frequentarem a escola. Em 9 de outubro de 2012, Yousafzai foi baleada na cabeça e pescoço em uma tentativa de assassinato por talibãs armados quando voltava para casa em um ônibus escolar. Nos dias que se seguiram ao ataque, ela permaneceu inconsciente e em estado crítico, mas mais tarde a sua condição melhorou o suficiente para que ela fosse enviada para o Queen Elizabeth Hospital, em Birmingham, Inglaterra, para a reabilitação intensiva. Em 12 de outubro, um grupo de 50 clérigos islâmicos no Paquistão emitiu uma fatwa contra aqueles que tentaram matá-la, mas o Talibã reiterou sua intenção de matar Malala e seu pai.

{ Esse livro foi enviado pela editora Seguinte. para resenha no blog. Em compromisso com o leitor, sempre informamos toda forma de publicidade realizada pelo blog 

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