Terror e sci-fi são gêneros que não costumo ler muito, portanto, não tenho quase nada de conhecimento sobre os assuntos ou mesmo sei analisar o que é ou não bom. Sair da zona de conforto é sempre um pouco assustador, imagina a responsabilidade de ler o mais novo lançamento do livro de um dos mestre desses gêneros?! É inevitável não gerar expectativas, né verdade? O mais legal é que elas foram bem superadas.
O novo livro de Stephen King, traz uma história inesquecível sobre um grupo de crianças com talentos especiais: telecinesia e telepatia. No meio da noite, em uma casa no subúrbio de Minneapolis, um grupo de invasores assassina os pais de Luke e sequestra silenciosamente o menino de doze anos, em uma operação que leva menos de dois minutos.
Luke acorda no Instituto, em um quarto que parece muito o dele, exceto pelo fato de que não é. Logo ele encontra outras crianças, que chegaram àquele lugar do mesmo jeito. O grupo formado por ele, Kalisha, Nick, George, Iris e o caçula, Avery Dixon, de apenas dez anos, está na Parte da Frente, uma espécie de triagem para testar as habilidades das crianças. Enquanto outros jovens, Luke descobre, estão na Parte de Trás, lugar que depois que vários testes são feitos e algumas habilidades “aprimoradas”, eles são levados e nunca mais vistos.
“Lindas lembranças que arranhavam como espinhos.”
O trabalho do Instituto é manter as crianças sob vigilância e extrair de forma nada gentil, digamos assim, seus poderes paranormais.Todos que trabalham no instituto, médicos, enfermeiras, serviços gerais, etc, são ex-militares ou ex-funcionários do governo. Não existem escrúpulos. Conforme cada nova vítima vai desaparecendo para a Parte de Trás, Luke fica mais e mais desesperado para escapar e procurar ajuda. Mas ninguém nunca conseguiu fugir e o Instituto é uma organização muito maior do que se imagina.
Em paralelo conhecemos Tim, um ex-policial, que se instala na cidade de Dupray, na Carolina do Sul, e consegue um emprego de vigia noturno, um trabalho em parceria com o xerife local. E não é difícil imaginar que em algum momento o caminho dos personagens, Luke e Tim, irão se cruzar tornando a história ainda mais interessante.
Mesmo para quem não tem tanta bagagem desse tipo de história como eu pode identificar as diversas referências já bem disseminadas na cultura pop ao longo dos anos, crianças com poderes sobrenaturais, uma organização misteriosa, um ex-policial ainda com os instintos apurados, não é algo inédito, certo? Porém, o desenrolar da história faz toda a diferença.
A história tem um ritmo frenético, mas não cansativo, é um livro consideravelmente longo, que consegue ser bem condensado. Esse mérito se deve, é claro, a escrita do autor, muito bem articulada e pensada, sempre instigatória, sendo possível ler várias páginas de um só fôlego sem se dar conta. Os mais legal é que os personagens são interessantes até mesmo dentro das suas previsibilidades.
Além disso o livro é marcado pelas relações de amizade, gerando discussões sobre as concepções de certo/errado, o que leva as pessoas a se tornarem apáticas uma às outras. É justificável um ato desumano pelo bem da humanidade?
Como meu primeiro contato foi uma experiência mais do que satisfatória, que me deixou com vontade de ler mais do género, e quem sabe, me enveredar pelos livros mais sombrios do autor.
Recomendo demais!
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ISBN-13: 9788556510853 | ISBN-10: 855651085X | Ano: 2019 | Páginas: 544 | Editora: Suma
Stephen King era um leitor fanático dos quadrinhos EC’s horror comics incluindo Tales from the crypt, que estimulou seu amor pelo terror. Na escola, ele escrevia histórias baseadas nos filmes que assistia e as copiava com a ajuda de seu irmão David. King as vendia aos amigos, mas seus professores desaprovaram e o forçaram a parar.
De 1966 a 1971, Stephen estudou Inglês na Universidade do Maine em Orono, onde ele escrevia uma coluna intitulada “King’s Garbage Truck” para o jornal estudantil, o Maine Campus. Ele conheceu Tabitha Spruce lá e se casaram em 1971. O período que passou no campus influenciou muito em suas histórias, e os trabalhos que ele aceitava para poder pagar pelos seus estudos inspiraram histórias como “The Mangler” e o romance “Roadwork” (como Richard Bachman).
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