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Razões para Acreditar

O mês de setembro é marcado pela campanha do Setembro Amarelo, que visa a conscientização sobre o suicídio e valorização da vida. Por tal motivo, gostaria de tomar meu espaço mensal neste maravilhoso espaço para me dedicar ao tema. Não necessariamente falando sobre jogos, cultura no geral ou pelo fato de eu ser psicólogo, mas sim com a intenção de chamar você, leitora ou leitor, para uma reflexão.

Nós estamos passando por um dos momentos mais difíceis do século XXI e você certamente não precisa de um psicólogo pra te dizer isso. Diferentemente do que algumas pessoas certamente alienadas querem te fazer acreditar, a pandemia do Coronavirus não nos “deixou no mesmo barco”, ela não “acabou com as diferenças sociais”, muito pelo contrário, ela escancarou essas diferenças, ela nos forçou a perceber o quão cruel é o nosso sistema e o abismo social que existem entre as pessoas. 

Embora eu pudesse escrever um livro explicando os motivos psicológicos das pessoas estarem furando quarentena, não ouvindo a ciência, minimizando o covid, entre outras aberrações, não vejo que seja necessário. Estamos longe do ponto de conversar, até porque quem quer ouvir, já sabe a resposta. A esperança, as vezes, parece perdida, não é? Por que eu devo ficar em casa, me privando de tudo enquanto outras pessoas estão por aí, bares estão abrindo e parece que todos já esqueceram dos problemas?

Porque existem razões para acreditar no futuro. Veja, nós estamos enfrentando um inimigo invisível. Muito provavelmente você, que está lendo esse texto agora, está passando pelo seu próprio inferno, seja o desemprego ou home office, ter de sair pois o seu trabalho é essencial, sua família não respeita as diretrizes e se expões por vaidade, alguns amigos ou amigas chegaram no extremo da saúde mental e resolveram sair e apostar na sorte, ENFIM, assim como eu, você deve estar com um sentimento de frustração, impotência, desesperança.

E eu te compreendo, você não está sozinho ou sozinha. É valido se sentir assim. Mas esse texto existe para te oferecer uma perspectiva diferente: é você quem realmente faz a diferença e é você que está contribuindo para o futuro. O nosso cérebro entende esse distanciamento social do mesmo jeito que entende a dor física e existem até pesquisas investigando os danos cognitivos desse momento. Além disso, nós vivemos em um mar de desinformação, com políticos usando dessa raiva e frustração com a pandemia para brincar com sua percepção dos eventos. 

E você está suportando tudo isso. Eu sei que é difícil olhar para todo o contexto de forma fria, então é isso que estou fazendo por você. As coisas boas são construídas devagar, pouco a pouco. A Anna, dona deste espaço, não chegou aqui ontem, ela construiu o Pausa em 10 anos e ainda está em construção. Cada ação que você escolhe hoje, a favor da proteção, do isolamento e da ciência, vai repercutir no futuro que você ainda não consegue ver, quantificar ou determinar. Você não está salvando apenas a vida de pessoas no presente ao não proliferar o vírus, mas também de pessoas que você ainda nem conhece ou nunca vai conhecer. A ciência ainda não sabe o total escopo do covid, então não dá pra saber se um filho recém nascido por ter sequelas da mãe que teve covid. 

Quando estamos assustados, com raiva, com medo, naquele modo de batalha mesmo, nós temos dificuldade em enxergar as coisas. O sentimento de impotência pode nos transformar em pessoas cruéis e apáticas. Continue fazendo as atividades que te dão prazer, continue se reinventando. Caso perceba que está chegando em seu limite, procure ajuda profissional, seja de um psicólogo ou psiquiatra. 

Você que ainda está se isolando, você que ainda se assusta com o número de vítimas, você que ainda sente algo, você é a verdadeira semente para o futuro. Não permita que a crueldade te corrompa, não permita que o medo te domine. Existem razões para acreditar num futuro melhor e você é uma delas.

Meu abraço a você!

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