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Sexismo, videogames e liberdade de expressão

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Esse talvez seja um dos assuntos mais delicados na indústria dos games, assim como qualquer indústria ou setor da nossa sociedade: o sexismo. Prefiro usar esse termo, pois acredito que o termo “machismo” generaliza demais a situação, colocando todos os homens como culpados, quando nem todos nós apoiamos a desigualdade de sexos.

Uma grande reclamação que vejo ao longo dos anos, da qual faço parte, é a falta de protagonistas femininas nos jogos. Não se engane, temos várias, mas o número de protagonistas fortes, independentes e que não seguem o tão comum truque da “princesa indefesa”, são poucos. Protagonistas como Chell, de Portal, ou personagens fortes como Ellie, de The Last of Us, e Elizabeth de Bioshock Infinite, são uma raridade tão grande, que ficamos apaixonados quando as vemos em cena.

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Nós todos podemos chegar rapidamente a uma conclusão: a cultura sexista. Mesmo já dominando grande parte do mercado de games, as mulheres ainda são minoria e a indústria lucra mais com a faixa masculina na adolescência, talvez os mesmos retardados que acham que um Call of Duty por ano é tudo que eles pediam para os Deuses dos videogames, os mesmos que xingam sua mãe de todas as formas possíveis e os mesmos que fazem ameaças de morte no twitter se caso seus jogos não forem do jeito que eles querem. Se você parar pra pensar, esse é o pior alvo para os desenvolvedores agradarem, mas se tem dinheiro, todo mundo fica feliz.

Mais protagonistas femininas

Muitos destes jogadores não aceitam estar no controle de uma protagonista, achando que sua virilidade estará comprometida ou que o game, instantaneamente, se tornará de péssima qualidade. Mais uma vez, podemos dizer que é tudo culpa de uma sociedade sexista, que explora e rebaixa a mulher a níveis humilhantes, uma sociedade que perdeu o respeito pelos seus semelhantes, uma sociedade que nos da vergonha. Mas eu não sou esse tipo de pessoa tão superficial, gosto de ir mais fundo no problema.

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Com o fervor legítimo de toda essa contestação de padrões, podemos facilmente borrar a linha entre a tal sociedade sexista e a liberdade de expressão. Se um desenvolvedor, um diretor de produção, ou quem quer que seja, imaginou uma história inteira, do começo ao fim, com um protagonista masculino, o que nos dá o direito de chama-lo de sexista e que ele deve mudar toda sua imaginação para poder, então, se adequar aos nossos padrões? Isso ainda pode ser influência da causa que já estabelecemos, sim, mas não cabe a nós contestar a imaginação e a criatividade de cada um.

Se você imagina uma história, essa é a sua história, a sua aventura, você escolhe se é um homem ou uma mulher que terá o destaque. Sempre teremos clichês narrativos, mas isso não nos da o direito de contestar o que esta na cabeça de um escritor. Podemos, sim, contestar esses clichês, donzelas em perigos ou até mesmo heroínas em um mundo medieval usando armaduras que não protegem nada, servem apenas como sexy appeal. Podemos argumentar e mostrar nosso descontento, tanto homens quanto mulheres, contra esses clichês, mas contestar a própria base da história de alguém que a escreveu com tanto orgulho, é um insulto e desencoraja grandes mentes.

O amor de 2013

Eu gostaria, tanto quanto qualquer um, jogar um game estrelado pela Zelda ou pela Peach, onde elas sejam realmente valorizadas como grandes heroínas e não apenas um prêmio para o herói festejar no fim do dia, mas não vejo como essa discussão nociva e desrespeitosa vai trazer isso mais rapidamente. No fim do dia, ser misândrica ou misógino não vai nos levar a lugar nenhum.

ESSE POST FOI ESCRITO PELO COLUNISTA JHOW

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