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[Resenha] A Armadilha de Dante de Arnaud Delalande | @editorarecord

Dante e sua Divina Comédia são a chave para um mistério que assola os canais sinuosos da Sereníssima Veneza. Assassinatos cada vez mais violentos — cuidadosas recriações dos castigos em cada um dos círculos do Inferno — assustam a população e desafiam Pietro Viravolta, chefe das investigações. Com ajuda de Anna, o grande amor de sua vida, esse aventureiro destemido conhecido como Orquídea Negra precisa descobrir a conexão entre os homicídios e desbaratar uma seita clandestina antes que uma força maior seja libertada e a cidade afunde de vez nas brumas do caos. 

Arnaud Delande é um autor francês do gênero policial, aqui no Brasil, além da Armadilha de Dante eu não consegui encontrar nenhum livro dele traduzido, mas encontrei A Lança Sagrada em Portugal. Delande é um autor que gosta de intercalar suas histórias com o suspense policial e um tema clássico, seja ele o apocalipse, a lança que perfurou Jesus na Cruz, ou como em A Armadilha de Dante o Clássico Poema Épico “A Divina Comédia” escrita por Dante Alighieri.

dante-alighieri Dante Alighiri (1265 – 1321) é nato da cidade de Florence na Itália e é considerado o “sumo poeta”. Muitas pessoas dedicam a sua vida para estudar sua grande obra, “A Divina Comédia” composta pelos livros “Inferno“, “Purgatório” e “Paraíso” onde Dante, ao lado de Virgílio atravessa os 9 círculos do Inferno, ultrapassa o Purgatório e chega ao Paraíso onde encontra sua amada Beatriz (Beatrice) e volta para a terra para alertar os mortais sobre o que pode acontecer-lhes no “além vida”.
Dante foi uma figura muito importante na Itália antiga, além de poética, Alighieri teve muita importância no cenário político da cidade, foi militar, médico e farmacêutico. E apesar de não querer exercer as últimas duas profissões foi após entrar na guilda dos botânicos que conseguiu ascender na política e assim conseguiu seu lugar no “Conselho dos Cem” que comandava Florença. Mas toda a sua vida política foi também o seu castigo. Dante por alguns problemas que se eu fosse explicar levaria muito tempo foi exilado de sua amada cidade e se fosse capturado por soldados de Florença seria morto, queimado vivo. Em exílio, Dante não foi apenas privado de sua vida em sua amada cidade, ele foi isolado de sua família e de sua amada Beatriz. Mudando-se para Verona e morando em outras cidades, o político agora poéta dedicou a sua vida na escrita de “La Divina Commedia“.  Infelizmente Dante nunca mais voltou para sua cidade. Até após a sua morte os seus restos mortais estão na cidade de Ravena. Hoje Florença idolatra seu grande poeta. Você pode hoje visitar a cidade e encontrar “Il Museo di Dante” ou várias esculturas para o poeta.
É inegável a importância de Dante para a literatura. E até mesmo para a religião. Afinal muitos estudiosos dizem que se visualizamos o inferno de hoje foi através da escrita de Dante e sua narrativa.
Achei importante fazer esse pequeno traçado da vida do meu escritor preferido para explicar como Dante pode inspirar não só a literatura mas a política, e assim podem compreender melhor como “A Armadilha de Dante” conseguiu ser um livro completo para homenagear o poeta e deixou Dan Brown no chão.

Vocês devem saber que eu praticamente idolatro o autor, estudo italiano para ler o original da obra e meu sonho ainda é visitar Florença e Ravena. Leio todos os tipos de livros que posso que citam ou são inspirados no poema. E não foi em vão que A Armadilha de Dante me chamou a atenção. Não apenas por citar a obra de Alighieri mas por conseguir colocar uma personagem chama Anna, se passar na terra de Giacomo Casanova e ter como protagonista um espadachim italiano chamado de “Orquídea Negra“.

Armadilha de Dante (1)

O livro se passa na Sereníssima cidade de Veneza, a princesa dos mares que teve seu auge e depois de seu período de outro se viu entre armações do seu próprio conselho e de Países vizinhos que buscavam sua dominação. Afinal com as saídas de Veneza para o mar, quem não gostaria de ter o domínio da cidade após tão grandes conquistas?
É com esse clima de tensão política que deixaria George R.R. Martin inspirado que Arnaud inicia a sua história buscando o vizinho de cela de Giacomo Casanova, o espadachim de Veneza, Pietro Viravolta mais conhecido por sua “Orquídea Negra” na lapela. Convocado pelo Conselho dos Dez que comandava a cidade, Pietro começa a investigar um assassinato muito intrigante e bárbaro que representava o próprio inferno.

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A partir desse momento, você vai correr pela Itália de 1975 (se considerarmos o período em que Casanova esteve preso em Florença). Com um fiel escudeiro Pietro vai se envolver em uma investigação que a cada dia vai se tornar mais difícil e vai envolver pessoas mais importantes do que ele mesmo imagina. Tendo que lutar contra “Il Diávolo“, Viravolta vai descobrir que quem ele pode acusar será seu maior aliado e aqueles que falam com ele podem estar mortos no dia seguinte. O perigo tomou conta de Veneza que luta para conseguir resolver seus problemas antes das grandes festividades da grande festa do Carnaval confiando em Viravolta que precisa resolver esse crime para recuperar sua libertada e não voltar para a prisão.

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O livro brinca com as necessidades, com os amores impossíveis e com a confiança. Um homem sozinho precisa ser a pessoa mais corajosa para salvar sua cidade, um super herói antigo com sua espada em punho para lutar contra os Pássaros de Fogo e salvar sua amada Anna que está com um marido que não a ama, sendo vigiada para que não encontre seu grande amor o Espadachim.

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Delalande brinca com a história da vida de Dante, colocando um personagem que busca a sua liberdade para encontrar novamente seu verdadeiro amor e que é proibido por sua busca incessante para salvar sua cidade. Aqui Veneza e não Florença. Mas como se essa pequena ligação ainda fosse pouco para ligar os milagres ao Santo. Arnaud completa colocando no assassino um verdadeiro fã da obra de Dante.  Se você já leu a Divina Comédia vai compreender os assassinatos logo de cara, vai entender a genialidade de como eles acontecem e como o teatro é tão importante para dar vida as mortes transformando tudo em um grande espetáculo para a “Splendida Festa di Carnevale“.

Os tramas políticos são bem reais e palpáveis e enquanto você se perdeu em explicações de Viravolta sobre as trama na cúpula do Conselho dos Dez você se depara com uma luta inesperada do Espadachim e um novo suspeito que pode fazer toda a história mudar. Cheia de altos e baixos o livro parece uma ópera, onde enquanto você lê, se depara no melhor lugar do teatro para observar o espetáculo.

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O livro só não é completamente perfeito porque realmente não é um “Dan Brown style” e muitas vezes são tantas explicações e descrições que podem entediar os leitores desavisados que estão acostumados com uma leitura mais leve e sem compromisso. Em A Armadilha de Dante somos obrigados a prestar a máxima atenção possível para não perder um momento sequer. PRINCIPALMENTE NO CARNAVAL! Por favor leiam de vagar e prestando atenção, muitos detalhes pequenos são importantes nessa cena. Desde a aparição do Minotauro ao final do Bucentauro.

O livro tem uma linguagem rebuscada, é um livro sério e bem trabalhado. Apesar de um pouco lento ele surpreende e é digno de uma verdadeira homenagem à Dante.

Eu realmente fiquei apaixonada, e gostaria de ler outro livro do Delalande para descobrir se amaria sua escrita sem que ela envolvesse Dante. É minha super indicação e não me arrependo de demorar mais para ler para poder aproveitar toda a leitura. Uma semana inteira envolvida pelo clima veneziano foi simplesmente fantástico. Leia

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