Todos os mamíferos do mundo com um cromossomo Y morreram.
Todos.
Doença, maldição, apocalipse… as teorias são muitas, mas um fato é inegável: não há mais nenhum homem no mundo. De qualquer espécie que seja.
A não ser por duas únicas exceções: Yorick Brown e seu macaco Ampersand.
A premissa da história é interessante e curiosa além de abrir um leque imenso de possibilidades para plots a serem abordadas: os governos do mundo tentando se restabelecer, crises em diversos setores, corpos mortos e em decomposição em cada canto do planeta, a discussão do tema “clonagem”, o grupo conhecido como “The Amazons”, fundamentalistas religiosas que queimam bancos de esperma e defendem que este deve ser o fim do mundo, pesquisadoras tentando descobrir o que aconteceu, verificando a possibilidade de reverter os acontecimentos e preservar a espécie.
Mas no meio de toda essa caótica nova civilização está o jovem Yorick e seu macaco. As duas possíveis salvações para as respectivas espécies e talvez a chave para descobrir o que aconteceu.
Eu tenho mais pontos positivos sobre a história do que negativos, então eu vou falar o negativo logo, para tirar isso do caminho.
A “missão” de Yorick
Logo no começo da narrativa, o leitor descobre que Yorick está apaixonado pela namorada que está, atualmente, no Outback australiano. Ou seja, do outro lado do mundo, já que o protagonista mora em Nova York. Em uma ligação telefônica, quase que no exato momento que todos os homens morrem, Yorick não consegue mais aguentar e pede Beth, sua namorada, em casamento. Todos os homens do mundo morrem, causando pane geral no sistema e a ligação cai. Ele não ouve a resposta.
Seu objetivo, então, passa a ser ir até o Outback (na Austrália, não o restaurante mais próximo) para ver se a namorada está bem e descobrir sua resposta.
Tudo bem, a ideia do romance é legal. Eles colocaram o pedido de noivado como forma de mostrar que Yorick estava, realmente, muit apaixonado e ele querer saber se o amor da sua vida está sã e salva é uma jornada honrada.
Mas cara… TODOS os homens do mundo morreram. Você é O ÚLTIMO sobrevivente e muito provavelmente a salvação da espécie humana. A ideia de que a primeira coisa que ele pensa é a namorada foi algo que me incomodou. Mas bem… acho que é o tipo de reação humana que realmente poderia acontecer na vida real e, em defesa de Yorick, a primeira parada que ele fez é, de fato, um encontro com sua mãe que é uma importante deputada no Congresso Nacional. Então, o ponto negativo acaba nem sendo tãão negativo assim.
O Roteiro
Fazia tempo que eu não lia um roteiro tão bem elaborado.
Foi uma dose de ar fresco, principalmente depois do primeiro número de Justice League Dark que, na minha opinião, teve um roteiro desnecessariamente confuso.
Em “Y: The Last Man”, o primeiro número narra paralelamente uma apresentação dos personagens chave, um suposta indicação do que levou a morte de todos os homens e o telefonema entre nosso protagonista e sua namorada em um jogo de cenas alternadas que beira a perfeição.
Tudo é descrito de um jeito claro e empolgante. A narrativa cresce, empolgando o leitor e quando a história finalmente chega ao seu ápice e termina, você já está pronto para comprar o próximo número.
A arte é bem padrão. Nada muito estilizado nem “artístico”. É normal de um jeito básico e simples, o que contribui bastante, considerando que o roteiro já é elaborado por si só.
O roteiro é de Brian K. Vaughan, que tem um currículo que fala por si só: já escreveu para a Marvel em grandes títulos como Homem Aranha, Capitão América e X-Men. Na DC, ele já trabalhou em roteiros para Batman e Lanterna Verde. Ou seja, o cara sabe o que está fazendo. E é perceptível.
A arte é de Pia Guerra, com colaborações, e eu adoro o fato da artista principal dessa HQ ser uma mulher. Não só pelo fato de que não é uma coisa que se vê tão comumente, como pela ironia diante da conteúdo da história. Pia não é muito conhecida e seu maior trabalho realmente foi com Y. Fora isso, seu outro trabalho mais digno de nota talvez seja sua participação na graphic novel de Doctor Who.
Resumindo: vale a pena! Um bocado!
E também está disponível pelo Comixology.
Para quem já é fã da história, uma boa notícia: o filme está cada vez mais perto.
Os direitos para o filme foram adquiridos pela New Line Cinema desde 2007, mas só em janeiro de 2013 o diretor foi anunciado. Em junho deste ano, o produtor David Goyer disse que depois de quase seis anos de desenvolvimento, o roteiro estava “tão perto de pronto quanto jamais estaria” e sugeriu que a produção começaria em 2014.