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[Cinema] Somos o Que Somos: uma amostra da crua natureza humana

Por Gabriel Castro

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A premissa de todo filme de terror é de assustar, mas isso nem sempre acontece. Talvez pelo infindável número de produções desta categoria dos últimos anos, talvez pelo exagero que colocam nestes filmes. No entanto, haveria algum jeito de um thriller ser de fato assustador? Talvez isso seja possível ao mostrar a natureza humana em sua forma crua em vez do terror fantástico ou supernatural – especialmente os hollywoodianos – que chega a ser previsível. Em Somos o Que Somos (Somos Lo Que Hay) o diretor mexicano Michel Grau conduz os espectadores através de uma sombria e perturbadora estrada até o horripilante cotidiano de uma família mexicana.

O roteiro do longa também é assinado por Grau, que só havia escrito e dirigido curta-metragens antes. O filme conta a história de uma família de três crianças e uma mãe viúva que luta pela própria sobrevivência e pelas tradições da família depois da morte do patriarca. Tal enredo soaria bastante comum se não fosse o fato de que a se trata de uma família da canibais.

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Na história, o filho mais velho se sente na obrigação de assumir o papel do falecido pai, seja na função de consertar relógios – um possível disfarce para a atividade praticada pela família – ou na caça de vítimas – ou presas – para seus rituais de canibalização. Simultaneamente, precisa enfrentar a resistência de sua mãe, que desaprova sua atitude, resultando em um personagem contraditório e confuso de quem pode-se quase sentir pena.

Já o filho mais novo se mostra no lado oposto do irmão, é decidido, obstinado e agressivo. Sob a influência da irmã, se torna mais controlado e decide seguir seu irmão em vez de confrontá-lo. A tensão aumenta com a sucessão de imagens que sugerem a relação incestuosa entre o caçula e a irmã.Além da profundeza perturbadora dos personagens, a fotografia e a sonoplastia do filme são

impressionantes. Grande parte das tomadas são feitas dentro da casa da família, bagunçada, suja e cheia de tralhas e velharias. Nas paredes, dúzias de relógios emitindo um incômodo e incessante tic-tac e também atenua toda a tensão. Junto com uma forte trilha sonora, os efeitos sonoros surgem quase como um personagem invisível e barulhento.

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Um ponto alto do filme é uma bela e contraditória cena na qual os sons se emudecem e há  apenas uma canção acapella cantada por uma mulher. Nela, os espectadores são levados aos microuniversos do filme – as tentativas de cada um dos personagens de encontrar uma solução para a situação.

Somos o Que Somos é, sem dúvidas, um dos melhores thrillers do ano. Como no clássico de Stephen King, Louca Obsessão (Misery), o que assusta não é um monstro, um espírito maligno ou um assassino superhumano, mas uma pessoa na sua crua e verdadeira natureza. O longa mostra como a natureza humana pode ser assustadora sem tentar explicá-la nem julgá-la, e faz isso com maestria sem o exagero hollywoodiano de sangue, sem cenas de violência ou matança gratuitas. Deixa muito para a imaginação e conclusão dos espectadores e vai muito além do assustador, se faz perturbador.

 

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