Acredito que deixei bem claro no passado meu amor pelo survival horror e as razões disso, mas hoje pretendo discutir outro aspecto desse gênero. Mesmo sendo aterrorizante e não amigável com o jogador, o gênero em questão é importante num sentido fundamental para seu público alvo, e talvez até para o resto do público, e eu vou explicar a razão.
Em primeiro lugar, é necessário diferenciar SURVIVAL horror de ACTION horror. Veja que a própria essência de sobreviver é combater as circunstâncias não favoráveis a você e sair vitorioso, apenas para enfrentar outras circunstâncias, talvez ainda mais perigosas, mais tarde. Nos jogos de terror, essas circunstâncias são, geralmente, inabilidade parcial ou total de se defender contra um perigo que é claramente mais forte que você, isolamento parcial ou quase total de outros jogadores ou NPC’s para te dar apoio, ambientação opressora, lhe fazendo duvidar até mesmo de sua própria sombra, etc. Um jogo de terror que contém o elemento de sobrevivência bem destacado, citando exemplos como Fatal Frame, Outlast ou Amnesia, são os jogos que brincam com a sanidade do jogador, entram fundo em sua mente para confundi-la com ansiedade e insegurança.
Por outro lado, os jogos de terror que tem elementos de AÇÃO, são os que colocam o jogador, também, em um ambiente hostil, mas nesse caso, lhe dando meios de se proteger, variando desde um pedaço de madeira até uma bazuca, apostando em um terror mais “gore”, com monstros grotescos, cenas de morte, violência e desmembramento explícitas, etc. Exemplo disso são Dead Space 3, Resident Evil 6 e Doom 3.
Alguns jogos misturam os dois lados de uma forma delicada, quase perdendo o balanço, mas que funciona, como a primeira trilogia de Resident Evil no PS1, o primeiro Dead Space e o primeiro FEAR.
Colocando essas diferenças á parte, podemos avaliar com mais clareza o setor mais importante, o de sobrevivência. O jogador é colocado sob pressão, tem seus nervos testados a cada porta que abre, os sintomas vão de taquicardia até perda da coordenação motora, exatamente como acontece em uma situação real de pavor. Dai que, se você for consciente o suficiente, percebe que não esta tendo aquela “diversão” que os videogames supostamente são criados pra nos proporcionar, é algo a mais, dentro da sua mente, é uma “diversão” diferente.
O que mais ansiamos na vida é superar nossos medos, dizer para todos que conseguimos fazer aquilo, sentir que ficamos um pouco mais corajosos. Jogos de terror transmitem melhor essa ideia do que qualquer outra mídia de terror, fortemente por causa da interação, você esta ali, seus reflexos e raciocínio são o que determinará a vida ou a morte daquele personagem. Dentro da própria indústria, nenhum outro gênero transmite melhor essa ideia de conquistar os próprios medos do que o survival horror. Encare isso como um treino mental, o perigo é virtual, inexistente, mas vence-lo pode te passar uma pequena prática de como você deve agir em uma situação real.